quinta-feira, 8 de maio de 2014

É noite


É noite...

Um frio criogênico
domina os espasmos
- marasmos da vida
sem vida
para viver e sonhar
- Um frio envolve a alma e
a mente não mais se arvora
nem um pouco a pensar!

Na cama
Eu envolto em lençóis
de cetim, de algodão,
num pijama encrustado
- eu penso que estou
sob as sedas da china
sentindo um calor...

Não estou!..

São cobertas de acrílico
que me cobrem a pele e
dão-me o repouso,
para que a minha cabeça,
cansada de tanto pensar,
não mais pense,
nem pense mais nunca...

Sobre um travesseiro de espuma
- restos de um descarte
de fábrica de colchões,
transformados em travesseiros.

A meu lado, descomposta,
- sem ruge, sem batom,
"descabelada"... deita a
minha doce amada. Jurou
ser minha na vida e na morte,
mesmo sem sorte. Ou seja,
qual for a nossa dupla sorte!

Eu sinto o calor do seu corpo
difuso no calor do meu corpo.
Sinto os seus seios a vibrar,
sob o calor das minhas mãos.
As suas pernas
- dos pés às coxas
e as minhas, trançando cordas!
O calor aumenta!
O sangue sobe à cabeça!

Lá fora, o frio continua
e a noite, também.

Há muita gente lá.
Sem lençol.
Sem coberta.
Sem travesseiro...
Há muita gente lá,
trançando cordas
sem que tenha mulher para amar!

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