quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Quando as batidas cessarem


Quando, em meu peito,
fraquejarem as batidas,
do coração já cansado;

Quando a minha boca,
não mais se mover,
para poder bocejar;

O sono das noites comuns,
não terá mais me rondado;
O sono eterno então terá,
de mim, a conta tomado --
em seu lugar.

Porém, antes do evento,
terei dito com Augusto:
"Acta est fabula, plaudite!".
E descansarei em paz...

Repousarei pela eternidade.
Entre as partículas atômicas,
das areias monazíticas;
Transformarei os ideais
-- sonhados aqui na Terra,
em preciosas pedras escarlates
Dando-lhes a forma de coração.

Jamais o sono meu será perturbado.
Jamais ouvirei o roçar dos andalins
-- por entre as águas salinas,
calmamente deslizando. E,
Nem mesmo de ti me lembrarei,
minha querida. Que um dia te amei!

Estarei imóvel -- eternamente,
para os que ainda ficarem. Alguns
ao menos levemente,
ainda de mim se lembrarão. Dirão:
"... veja, o seu coração navega
por entre aqueles sargaços, que
enfeitam as costas arenosas
dessas águas tropicais ..."

Mas, se alguém se atrever
a cavar as areias, para delas
o minério escarlate extrair e
o meu repouso transtornar;
Então, em bomba "A" me tornarei e
O mundo louco explodirei!..

Porque perturbaram o meu sono justo,
dos homens incautos me vingarei!

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andalins (andalim) =
espécie de alga (do tipo sargaço)
que dá nas costais tropicais e que
se estende pelas areias das praias

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