quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Zeferino

Zeferino era um bom menino.
Tinha seus defeitos,
Como todos os meninos --
da sua idade: Não gostava
de estudar... Só brincava.
Sua mãe dizia-lhe sempre
"Zeferino! Quando vais-te
na escola melhorar?.."

"Tens lição à beça! E
tu queres só brincar?.."

-Ó, mãezinha!
Não te aflijas.
Minhas notas, eu as vou --
até o fim do ano,
de qualquer jeito melhorar.
Por enquanto, deixe eu
assim brincar tranquilo.
Eu não quero me estressar?

Passou-se um ano.
Dois já se passaram.
Passaram três e outros mais.
Coitado do menino,
não conseguia atender
a seus bondosos pais.
Na escola piorava, --
a passos largos,
cada vez mais.

Zeferino não progredia. As
suas notas não melhoravam,
Nessas alturas,
já a raiz quadrada --
por completo, o enquadrou!
Zeferino ler não aprendeu,
Fazer contas não conseguia
E por incrível que pareça,
somar e dividir --
coitado, ainda não sabia.

Os anos passavam pronto...
O Zeferino "envelhecia" --
Criava barba, o seu bigode
pelas orelhas já subia.
Sentado um dia, na varanda
Seu pensamento o cambaleou
-- Desseu aos anos
da sua infância. Chorou...

O filme, em preto-e-branco,
na sua mente perpassou:
Pensou "Porque não obedeci
a minha mãe, foi quando
o mundo todo desabou!".
Perdi tudo o que não tinha
em simples brincadeiras...
E "a mamãe me avisou!"

Hoje não faço contas,
porque não aprendi.
Raiz quadrada me enquadrou!
O que leio, eu não entendo.
Meu linguajar me engana,
como sempre me enganou.
A culpa é de ningém.
-- É minha. A mãe já o falou!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Eles dois

Um -- letrado,
Outro -- semi.
Ambos juntos
esvaziaram o salão.

Que saudade
e que tristeza:
Dor no peito que sufoca
a alma e o coração...

Um -- nativo,
outro é gringo de nação.
Os dois não se entendem!
-- Suas linguas
não transitam verbos
de igual conjugação.

Cada qual diz:
Ser mais sábio que outro.
Na verdade, nenhum deles
sábio é...
Caso o fossem,
jamais deixariam diluir-se
-- dos poucos que restaram,
a vontade de curtir a fé.

O salão era uma casa
Se faziam lá:
Encontros comunais,
Assembléias de remidos.
-- Irmãos na fé...
Comungando sonhos reais.
Canções cantando,
orações fazendo e
prestando contas:
Para si e para quem ali
mais viesse consstruir:
Novos sonhos,
agregando mais fé...

Um -- letrado,
Outro -- semi.
Uniram seus esforços
que de sábios nada têm, não!
Desuniram os desejos,
desfazendo a comunia,
profanando a comunhão.

domingo, 25 de agosto de 2013

Ваша Гідність


Браток по вірі,
Ваша Гідність!
Мені дозвольте Вас запитати:
"Чому Ви нарікаєте на мене все...
В чім не є добрий мій поведінок?"

В одного Бога маємо ми віру.
В одний гурток збираємося --
віддавати Йому честь і славу.
Незгоди всякі нас знайдуть,
такби сказати, в одному
і в тім самим пароплаві.

Поправді, в нас є різниця.
Ви служите -- для Бога,
своїм карманом. А я,
моїм культурним станом.
Для Вас здирати доллар
-- з прихожана, те саме
що -- для мене, співати
пісню про старого Богуна.

Ваша Гідність зайшла далеко.
Забулися Ви, що люди мову мають.
Що нею, між собою, думки свої ділять
-- та що свої початки історичні,
Немов дитя маленьке, якось плекають!

Ось тут я і службу -- для Бога, маю.
Розповідаю, говором народу мого,
як Всемогучий дав нам свободу
Тай показав дорогу нам,
як відірватися від старого сходу...
А все ж таки, і не цуратися ніяк
все що найкраще свого народу.

Ви думку маєте змальовану на гроші.
Мої роздуми над повістю Вкраїни!
Як довести спокійно, до моря чистої води,
Щоб розташити, в лугах долин зелених,
та де цвітуть калини й ростуть гриби!

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Іван Богун
"був одним із найвідоміших козацьких полководців
в Україні середини XVII ст., слава про якого
гучно лунала не лише на українських землях,..."
"сміливий, розумний ... надзвичайно популярний,
вміє, як ніхто інший, вдало діяти; сильний
і хитрий, як лис; ..."


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Борис Леонидович Пастернак

Boris Leonidovitch Pasternak
Борис Леонидович Пастернак
(1890 - 1960) Poeta e romancista russo. Obra maior: Doutor Jivago
Foi-lhe atribuído o Nobel de Literatura de 1958, mas ele não foi
autorizado a recebê-lo por razões políticas.

Poema: Золотая осень
Tradução do russo por Mykola Szoma
Outono dourado

Outono. Parece um conto de fadas,
Escrito para que todos o possam ler.
Caminhos abertos, através de florestas,
Pelos caminhantes -- que vão deliciar-se,
com as belezas dos lagos.

Até parece ser uma exposição de arte:
Salões, salões, salões, salões nobres
De ulmos, de freixos e de álamos
Envoltos em suas vestes douradas.

Tílias formando arcos dourados --
Parecendo coroas de noiva.
O visual das bétulas --
Sob o véu de noiva, diante do altar,
Diáfano e límpido...

A terra inumada
Sob as folhagens, cobrindo as covas,
No entorno amarelado dos casarões...
Como que enquadrada em molduras douradas.

Ali o arvoredo, durante o mes de setembro,
Sob a luz da aurora, fica postado alinhado.
O ocaso, sobre a casca da sua pele, deixa
Uma marca indelevel de um colorido de âmbar.

Ali não se pode pisar em barrancos,
Para que não se tenha notícias
-- por todos os cantos: Assim se enfurece,
que nem um passo se possa dar, sob os pés,
a milenar folhagem...

Ali, ao final das alamedas,
Ouve-se ecos de íngremes encostas
E da aurora o irromper da cor de cereja
Também, a transformação dos raios em energia.

Outono. Um canto milenar
Sede de livros antigos, de vestimentas, de armas,
Ali, onde o catálogo de todos os tesouros,
É folheado -- permanentemente, sob o frio intenso.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Leonid Nikolaievych Martynov

Leonid Nikolaievych Martynov
Леонид Николаевич Мартынов (Omsk, 1905-1980)
Entre 1939 e 1945, ele publicou três livros de poesia, mas só se tornou
mais conhecido após a morte de Stalin. De 1955 seus poemas começaram
a ser publicados amplamente em revistas e em forma de livro. Seu estilo é
da velha escola dos anos 1920, com muitas referências locais para a Sibéria.

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Земля, 1955) A Terra

Uma
inquietação
não se acalmou ainda --
E prontamente a outra se apresenta,
O mundo, todavia, parece-me mais lindo;
Desejos ainda permanecem
A Terra --
Enfeitada pelas planícies,
Cultivando tablados de dançarinos,
Viadutos dependurados,
Cercados de reservatórios aquáticos,
De espaços atolados de cinzas
e de adubos minerais -fertilizantes;
Traspassada,
ao longo do seu dorso,
pelas contínuas correntes elétricas...

E mais ali,
-- Um deserto
que era ainda ontem,
Terra virgem, das epopéias,
Jázia esquecida -- Redescoberta,
Lavada pelos aguaceiros,
Parece não terminarem
as suas extensões...
E sobre ele
estrelas com estrelas
fazem seus encontros.

O mes de maio se vangloria
O canto dos rouxinóis
corta os espaços.
A Terra, bela e formosa,
Maravilhosa mais se torna!