segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Vilarejo Kukoy


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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12. Vilarejo Kukoy (Деревня Кукой, 1954 - 1995)

Lá na Sibéria do Leste
um vilarejo existe -- Kukoy
Há uma choupana ali,
às margens de um rio,
correndo escondido na taiga
-- das matas de lá

E de trás do vilarejo
num elevado -- vales e campinas,
antepõem-se ao paredão de taiga.

Em quarenta e um,
ao som dos ataques inimigos,
o pequeno vilarejo aplaudia
um pelotão de soldados siberianos
-- pelotão de pais e de maridos;
-- Nenhum deles retornaria...

O vilarejo ficou
-- às margens do rio,
somente com as crianças,
com as mães e com os idosos.

Tão logo deixaram a infância
-- os jovens, todos partiram
para as grandes construções
siberianas...

Ali não se pensa em casamentos,
Não há nascimento de filhos também.
A vida não tem colorido nenhum
-- Não há infantis brincadeiras...

Os Kukoyanos apagam fogueira bem cedo.
Nunca mais da harmônica se ouve o som.
Noitadas não há, nem festejos do povo.
De viuvez -- a tristeza e o tédio --
Só a contagem dos anos a passar.

Ao redor tudo azul, tudo é beleza:
Nossas cidades fechadas e produtivas;
Estrelas matinais e amplidão das águas;
A inabarcável Sibéria nossa.

Pela estrada da mata,
vem vindo alguém à Kukoy;
Um senhor importante
-- Ele é o secretário mor.

Reunam-se todos
-- é costume da área.
Uma conversa amiga se segue...
Perguntas se fazem, outras mais...

Quantas vezes ele teve um desejo
de vir ao local -- visitar o kolkoz;
Gracejar é melhor, vamos lá...

-- Não, -- responderam-lhe --
De trabalho não vale mudar.

Nada não! De si próprio jamais fugirás...

Aqui é o nosso lugar, nossa terra, trabalho.
Jamais sairemos daqui, ficaremos todos aqui.

Tudo pode-se contornar!
Veja como cresceram os órfãos --
logo farão as noitadas,
logo terão seus festejos.

Ouvir-se-ão de gaitas os sons, e
as orquestras tocarão suas sonatas;
Casamentos terão seus novos momentos.

Haverá alegrias, gentes, tristezas com nada.
Então eu pergunto: Em que devo pensar?..

Por certo, jovens anos passaram,
Jamais poderei acalentá-los --
retorná-los jamais poderei.

Devo pensar que temos a sorte igual,
Só tu és um amigo meu forte,
o meu vilarejo Kukoy.

Provamos um mesmo destino, --
Nossos filhos cresceram sem pais.

E a dor mesma ainda sentimos,
e ainda, nos cílios, o sal não secou.

Jamais esqueçamos, não se apague o calor
-- Que ardam as chamas, queimando a alma.

Haverá quem ainda almeje,
em país que se queira pensar,
uma guerra de novo criar?!
Por mais poderoso que seja!.


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