quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vladivostok


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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7.

Vladivostok (Владивосток, 1954 - 1956)

Barranco abrupto da terra querida,
voando obliquo para o oceano,
distante, dos teus ceus azuis;
lembrar-me de ti, jamais eu cansarei.
De ponta a ponta, pelos ventos cortado,
aos ceus corres com pressa, sobre cornijas;
Resplandecendo o azul claro;
De ponta a ponta penetrando e atravessando,
e confirmando a tua grandeza,
Orientas o teu vigilante olhar para o futuro...
Para além do barranco abrupto da terra querida,
-- O terraço escarpado de Vladivostok.

Levanta-se a manhã cor-de-rosa.
Brincam de "esconde-esconde" os raios solares.
De todos os lados -- para onde se olhe,
brilham reflexos do Pacífico, o Grande oceano.

Ele bastante límpido e claro, e é grandioso,
mas desde as remotas eras e até hoje
ele somente se bate em "debates"
contra as falésias e escarpados da minha terra
-- O esteio da minha cidadela.

No azul celeste do teu território,
está a minha terra, a minha pátria querida;
As tuas bases rochosas, eu as sinto
-- como se fossem, as minhas bases próprias.

Nas composições do carvão e dos minérios,
nas camadas dos granitos e do urânio
estão os meus pensamentos, as labutas minhas,
os meus passos e os rastos dos meus caminhos;
A minha sorte, para sempre, está resguardada.

A felicidade dos encontros e a dor das despedidas:
coisas que -- em abundância, passei na minha vida,
guardei-os nas profundezas dos esconderijos --
disseminados pelos teus magnetes.

Incorporei, à minha existência e ao meu trabalho,
as tuas leis profundas;
Agora em mim habitam -- de modo inabalável,
as qualidades mágicas do trabalho --
O inabalável caráter da terra.

E nesse tempo da manhã esplendorosa --
sobre a magnificente profundeza do mar,
pela primeira vez dentro de mim, eu sinto-me
um ser diferente, um ente esculpido em aço.

Através da inabalável disposição das coisas,
ao longo dos anos, num fluxo eterno de movimentos
-- eu sinto como jamais o tenha antes,
as leis eternas da gravidade da terra.

Porém, naõ terei medo de olhar para o futuro
E crer em vida, jamais eu deixarei.
Agradecido fico, para o destino --
por ter aberto-nos caminhos para o oceano...

E não me importo por ter sido o destino,
algumas vezes feroz comigo --
Atalhos não escolhendo,
com sua invisível sabedoria:
deu toda proteção a mim...
O esteio da minha cidadania!
Vladivostok, Vladivostok --
O terraço escarpado da pátria querida!

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