domingo, 6 de janeiro de 2013
Sombras e sonhos
Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo
Tradução do russo por Mykola Szoma
(Тени и сны, 1891
Sombras e sonhos
Apaguei as velas e de repente,
uma multidão de sombras da noite,
me invadiu;
E sonhando, comecei a caçar
os seus olhos fantasmagóricos.
Percebi que só havia uma escuridão
ao redor da minha cama.
Secretamente,
elas piscavam e murmuravam:
"Ei-lo! Pegando no sono --
Logo, logo se aquietará...
Há tempos para cá,
nos deliciamos com o seu sono, --
Talvez, o infeliz terá sonhos alegres.
Observem como ele, quando dorme,
parece ser mais novo e jovial!..
Mas amanhã, de novo, da vida o frio
Esmagará os seus desejos --
Ele será de novo um hipocondriaco,
farsante e hipócrita...
Mais um novo dia,
Desde manhã, o seu retorno
fará abrirem-se as cinzas enterradas --
Do mal, das perdas, e dos sofrimentos;
Despertará o rico, o esmagado pela libertinagem,
E o coitado do pobretão, que bebe -- por um copeque,
Que se degrada nas discussões das bebedeiras...
E nós nos embrenhamos dentro das noites, --
Nos envolvemos em repousantes sonos;
Porém, os devaneios dos que ainda estão vivos e,
os desejos dos que viveram e já se foram, --
Estão movendo os sentimentos nossos... Estão
aqui -- Flores murchadas, das primaveras
que um dia foram tanto desejadas"...
A percepção do rio de sombras da meia-noite
Perturbou o meu sono, levantou-me da cama;
Uma mão estendi -- Acendi uma vela;
As sombras depressa fugiram --
pelas frestas e cantos... Fiquei só!
Precipitaram-se até às janelas,
Na soleira da entrada "estacionaram", --
Eu notei -- um clarão iluminava, que elas tremiam;
Percebi também, que o que eu escrevia,
Notar como, elas não teriam; Se caso notassem,
Ver a escrita jamais poderiam.
Assim foi-me possível:
Registrar os seus murmúrios secretos.
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