segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Bosque de bétulas


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.
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4.           Bosque de bétulas   (Березовая роща, 1956)

Folhas caindo, cujos ouvidos viveram
e quardaram, para a minha vida, os segredos
de incessantes sussurros, dos passados dias de maio.

Essas mesmas folhas, nos dias insinuantes
e não confiáveis, durante a primavera, -- como ondas
estremeceram e me queimaram como brasa.

Essas mesmas folhas, nos dias insinuantes
e não confiáveis da primavera, estremeceram-me --
como se fosse uma leve onda ao sol e me abrasaram...

As gargalhadas dos estrondos, das quentes trovoadas,
permaneceram escondidas -- no seio das úmidas folhagens.
Então, daqueles tempos até agora, eu sinto-me em casa...
Posso dizer, que acabamos de formar um forte parentesco.

Fumaça dos espaços eu respirava,
apoiando-me nos perfumosos troncos,
Em nada ele* me contrariava,
e tudo dividiamos meio-a-meio...

Alegrava-me, como só ele podia, --
discussões de pássaros comigo promovia,
moderada e sabiamente ruídos provocava,
seus ramos expandia e verdejante crescia.

Com frutos de morangueiros me presenteava,
levava-me aos riachos e à suas fontes...
Graças a esse trabalho amigo e sincedro
tornei-me seu companheiro fiel e muito vero.

A nossa amizade desinteresseira
permanente ficou -- União indizível,
Na sua essência incrível;
Somente por quem tem sentimentos, possível!

Calmamente, folhas caindo.
Silencia o bosque, eu sinto-me só.
Ventos uivantes se abatem sobre as copas.
Trovões silenciaram, dissiparaam-se as nuvens.
O que dizes, meu bosque! Terás me enganado?

As alegrias de todos os teus encantos,
agora teem custos -- Eu devo pagá-los
com o preço do vil dinheiro!

Ouve-se reclamções surdas
com a chegada do outono, a seguir...
A folhagem cai -- agora é seca,
mas os troncos permanecem firmes.
E se ouve -- sem parar,
o barulho ameaçador, da sua essência:

Irrevogavel, inutil e já é tardio!
A nova folhagem que seja esquecida.
Revestir-se de verdade -- Que nada!
Seja claro, como o silêncio de outono,
e decidas, enfolhar-te-ás de folhas
ou permanecerás firme -- de pé,
como nós (troncos) estamos agora...

A mentira nós desprezamos,
e as alegrias dos encantos,
são por deveras pequenas...

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Nota:
"E nada ele*"
-- ele*, refere-se ao bosque de bétulas


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