terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Grandes espenças


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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5. Grandes esperanças (Большие ожидания, 1946)

Luzes piscantes dos candeeiros.
Em casa só nós dois -- eu e Dikkenson.
No meio das sombras, ardem à nossa frente,
das esperanças de muitos desejos, fogueiras.

Oh, juventude do pobretão Pipa,
como ela quer encontrar a sua sorte feliz!
... Eu em casa, sem fazer um barulho, sem um ranger.
Sorumbática e calma vivo. Lá fora, há uma guerra.

Será que há muito já se passou,
que nesta morada ouviam-se vozes preclaras?
Eu não fiquei sega aos sofrimentos das dores.
Ao longe consigo enchergar alguns veleiros navegando.

Ó, minha liberdade dourada!
Jamais sufocarão a tua existência, com nostalgias.
... É o final dos anos de quarenta e um.
Os fascistas se apresentaram nos umbrais de Moscou.

Desenrolam-se as grandes batalhas.
Espera-se novos e grandes voos rasantes.
Pelos espaços da praça de Petrishchevo,
desfila, a heroina Zoia, para uma morte juvenil.

Não poderemos mais salvá-la do sofrimento,
estender-lhe a mão, saciar-lhe a sede de água...
Ao redor dela explodem os obuses de canhões.
Noite em estado de sítio -- um silente torpor...

Sinistros abraços dos prédios.
Não pode-se ver frestas, nem relampejos de luz.
Apenas, de muitos desejos, uma grande esperança
Ainda -- aos corações, dá vida e calor de uma luz.

Doce amor, hoje és todo amargo! Onde estás?
Retorne aos meus versos -- em linhas quebradas;
Que eu possa sentir-te ainda comigo...
-- Eu posso esquecer-te, perdendo as tuas rimas.

Com a lembrança das primeiras mensagens
fica-nos claro o terminar de um terrível final.
As fulgurações estelares, das esperanças grandiosas!
Um cativante tremeluzir dos corações!..

Seja qual for, que nos coubesse a sorte,
quais fossem dias, que se nos apresentassem...
Ó, juventude do pobretão Pipa!
Fogueiras de desejos, de muitas esperanças!

Tudo piorando, tudo empobrecendo, tudo mudando,
tudo virando pelo avesso, tudo ficando ao contrário!
Porém, tudo pretende ir avante para as vitórias
em busca de novos voos de grandes expectativas.

Assim, tem-se o encontro
de percalços com adversidades,
na secreta sorte da existẽncia humana.
... O final dos anos de quarenta e um.
Os fascistas se apresentaram
nos umbrais dos portais de Moscou.

Em períodos de grandes sofrimentos
os homens sempre encontram -- em suas mentes,
grandiosas e inumeráveis esperanças,
que se lhes apresentam como uma estrela amiga
-- já deles conhecida, desde a sua infância...

E ficam gratas todas as batalhas não ganhas
e todas as perdidas ilusões, que porventura
poderiam ter-nos conduzido até ela...
E mesmo as mais completas realizações
das mais almejadas esperanças,
são mais pálidas do que ela...

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Nota:

Petrishchevo / Zoia
-- Petrishchevo / Zoia (Зоя Анатольевна Космодемьянская)
Zoia 13.set.1923 - 29.nov.1941.

Foi uma guerrilheira de uma região dos arredores de Moscou
[Petrishchevo -- Петрищево (Рузский район)]. Pertencia ao
grupamento de reconhecimento, do estado maior da frente de
defesa ocidental.

Foi a primeira mulher reconhecida, post mortem, por seus
méritos e condecorada como "Herói da União Soviética".
A sua imagem aparece em publicística, na literatura,
na cinematografia, em obras de escultura, em pintura,
em obras monumentais e em exposições dos museus.

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