domingo, 20 de janeiro de 2013

Agosto


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.
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3.          Agosto    (Август, 1945)

O verão deste ano não foi agradável.
Entre os pequenos pinheiros, uma choupana de madeira.
Já estamos em dezembro e o coração ainda não foi aquecido.
O verão já passou... Porém, não é este o problema.

Em tempos de outono, sente calafrios o arvoredo.
As copas se perdem nas densas neblinas.
Uma trintena delas, já está quae murcha.
A juventude findou... Porém, não é este o problema.

Pode ser por um ano mais velho; talvez, mais novo por um;
Não é este o problema, -- Ó, meu amigo do peito!..
Veja a sorveira, de pequenas frutinhas vermelhas,
Um primeiro cacho de bagos "rosáceos", parecendo flor.

Candente, adstringente, um amargo furor
À noite assenhoreou-se de um, sem graça nenhuma, arbusto.
Uma maturidade valente e uma forte velhice --
Uma fidelidade à natureza... Porém, não é este o problema.

Coração meu, tu aprendeste já há muito tempo
segurar firme, em mãos, uma corda "imperceptível".
Nada então é perigoso, neste mundo, seja o que aconteça...
Algumas coisas há no mundo, que ninguém as pode mudar.

Já aconteceu algo, que nas almas das pessoas
que um dia estiveram contigo, tenazmente se infiltrou;
Não se pode contorná-lo, jamais esquecê-lo e nem apagá-lo;
Por mais que tu queiras fazê-lo. Nem tentes nunca torcê-lo.

Viajantes somos, o desconhecido não nos amedronta.
Atingimos a idade pretendida -- por nós um dia sonhada...
Numa estrada sinuosa -- pelas extensões dos arredores,
Nós nos encotramos, nas alturas das serras: dos montes...

Vivemos "eternamente" e sentimo-nos "iluminados",
Respiramos fundo, sem nos alinharmos com os vales e campinas.
Nas alturas aguçamos os nossos olhos, --
Mais perscrutador, atento e infalível fica o nosso olhar.

Todavia, nos objetos mais amados, nos rostos amigos,
Durante os dias sem ventania, do mes de agosto
Inevitavelmente e rigorosamente tombam --
dos montes escarpados da serra, inevitáveis neblinas.

Então, camarada, passaremos por essas etapas,
Desanuviando as sombras, com o nosso obstinado trabalho,
Com as nossas canções, que ainda não foram coantadas,
Com a nossa fé no futuro -- Com uma palavra de saudação...

O verão deste ano não foi agradável.
Uma choupana de madeira,
escondida entre os pequenos pinheiros...

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