quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Foi uma "bomba"


Foi uma "bomba"!
Detonou os laços da família,
rompeu as tradições paternas
-- Criou as desavenças e
dividiu os corações de
irmãos -- Tornou-os
"inimigos" de si próprios...

Foi simples --
na mente das crianças,
incutiu aos poucos
que a mãe delas
pouco sabia.

Que ela -- a tia delas, é a
que mais tinha condições de
estar com elas... De
dar-lhes os ensinos,
que alas mereciam...

A tal da tia, achava-se
acima da cunhada;
Com ela não se bicava e
essa de nada percebia!?

O resultado, a família
se diluia. E hoje,
apenas sonhos do que seria,
se a tia não tivesse
"entrado" onde não devia!..

Fca um conselho, se é que há
-- Jamais permita,
seja quem for que queira,
intrometer-se na tua vida...
A formação correta,
aos filhos seus, você que dá!
O resto é besteira.

Não se permita a ninguém,
dar liberdades a fomatar
-- palpites e conselhos,
por mais bonitos e "sábios"
que se pareçam.

Se os filhos são seus
então com você que cresçam!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Соляні копальні


Соляні копальні
цукрового смаку не мають.
Буряки в них не родяться;
Апельсинки, також ні!

Мудряків словоблудних
у безліч знайдеться
там де багато дається
лісових грибів.

Усе по чину своєму
Визначні події дає!
Чужого ніхто не приймає
буцімто може бути своє.
-- Я не присвою твоє;
ти не присвоїш моє.

Нарікати недобре й даремно
на те що не знаєм, на те
що від нас не залешить.
На те що від нашого роду
не має реального доходу.
Бож те що чуже є,
є не наше!..
Тож сенсу немає
в соляні копальні
цукрового смаку шукати!..

Repetidores sem base


Eles são os conselheiros.
Dão informações de como se vive.

Na verdade, são repetidores
das compilações de conhecimentos
feitas por outros... Também
repetidores antecedentes
-- que noções possuiam
de como "ganhar" com
o saber dos outros.

Nada mais do que
espertos aproveitadores!..

O saber é mais do que
a compilação de escritos,
deixados por outros.

O saber é mergulhar
até a fonte da origem
das primeiras causas.

È debruçar-se sobre a 'mesa'
coberta de raizes debulhadas
-- Para inferir-se algo novo
que, poderia tornar-se
em nada mais do que num
de "Colombo ovo..."; Todavia
seria um conhecer probo!
Um saber verdadeiro, genuino
e sem parecer uma ovelha,
quando não se passa
de um lobo...

Um saber probo exige
-- leitura, pesquisa, debate;
Muitas noites não dormidas...
Trocar frases faceis
por complexos pensamentos
de construções inauditas.
Conhecer lingua pátria
tal como a deixaram
nossos passados.

Jamais nivelá-la por baixo...
Elevar o povo para cima!..
Que ele saiba falar
com elegância
e rima!..

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O casal


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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11. O casal (Двое, 1956)

Eles brigaram novamente no trâmuei;
Não se contiveram --
nem se envergonharam dos estranhos.
Por mim, com inveja involuntária,
eu emocionada admirava-me deles...

Eles não sabem, o quanto são felizes.
Graças a deus! Mas e porque deveriam saber.
Pensar somente! -- Ao lado, um do outro,
Ainda vivos, tudo é possível consertar e
também, tudo é possível compreender...

Sim e não


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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10.
Sim e não (Да и нет)

Se agora eu tivesse dezoito anos,
com certeza responderia: Não!

Se agora eu tivesse vinte anos,
com certeza responderia: Sim!

Porém, para os meus anos já vividos,
pouco é dizer essas pequenas palavras:
"sim" e "não".

Contar tudo sobre a minha alma,
por essas palavras, não se lhes daria.
Então não me pergunte a respeito,
quando permaneço em silêncio...

Весна


Весна прийшла

Трава степів позеленіла.
Весна прийшла;
Квітами покрила все.
Десь на дубах,
гнізда нові будують;
Хоча старі можливо було вживати
-- вони не так і постарілися...
Іще, із року минулого,
твердо стояли на гільках.

Птахи ж не є дурніші від людей.
Навчилися любити все нове...
Старе нехай для тих
долі хто мало має.
А той хто може, закидає
-- свої бажання,
до горизонтових рожевих
і тепліших ночей.
Такі поміщені не серед зимових,
а серед країв землі розквітних.
Там ночі виробляються тепліше
та й граються з людьми
як кольорові барви
маленьких дітей.

Сонні ночі там не існують!..
Здається що світогляд
ногами в гору перевернувся.

Чи праця взавтра буде
для мене то ні з чим.
Тільки я спати не бажаю --
Солодитися літом й
тихеньким вітерцем...
А в решті, я все забуду!
В найгіршім стані,
зроблюся я співцем!?.

Трава степів позеленіла.
Весна прийшла...
В найгіршім стані,
зроблюся я співцем!?.

Cogumelos


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.
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7. Cogumelos (Грибы, 1946)

Floresta toda pintada em dourado,
uma alma alegre e valente,
perdida em estranhos cuidados,
na calma existência sem pressa.

O azulado por entre as bétulas desponta,
e um atalho, que vai para longe...
Poderia colher cogumelos de baldes!
Mas não quero, pois é facil demais...

Melhor que me engane, como é de costume,
observando as folhas caídas do ano passado.
Que eu considere como sendo uma raposinha
a pétala dourada -- se mechendo, daquela flor.

Medo não tenho de uma tal desventura.
Pois a hora decisiva, já está mais perto.
Nenhuma armadilha poderá esconder nada
dos meus infalíveis olhos observadores

daquelas milagrosas, caras, e desejadas,
daquelas singulares, e melhores, minhas...
Em complicadas e queridas mentiras
das milagrosas transformações em florestas.

Eu me embriago de felicidade, como se
estivesse diante de uma frase torturante...
Quando então se aproxima o minuto,
em que o silêncio invade e toma conta de tudo.

Parece não haver ofensas, nem tão pouco suspeitas,
Os problemas da terra já estão rosolvidos...
So resta-me ficar jenuflexo
no silêncio da mata, sem nada dizer --

Experimentar, como é agonizante e como é novo,
quando confiantemente deseja-se viver;
Tal como um cogumelo branco, -- a última palavra,
que se sufoca de felicidade,
quando se arranca da sua "raiz".


domingo, 27 de janeiro de 2013

Не карай мене


Не карай мене боже;
В цій справі: вина не моя!
А закон "нового порядка",
що до купи зливає усе,
таке виробляє.
Спорушує все!

В горнятко не може змістити
таке все не погідне --
не все блакитне,
не все зів'ялий лист,
та й все --
для метеликів солодке...

Ось справа у чім.
-- Закрутили мене...
Сказали: Хай буде цей дім
твоя хата... Не забувайже
"є усе наше, те що у нім".

Зрозумій! таж перше почуй:
-- добро тобі чому даюять?
...Напевно,
хотять відібрати твою
одиницю. А тиж, її маєш
тільки одну!
-- Не позбудся! Другої
не так і легко дістати!..
-- Сліз багато із кров’ю
потрібно змішати, щоби
відібрати повагу свою.

Усесвіт не той,
що здається, що нам кажуть
для нас всі фальшиві події.
Не довірюй, так скоро -- як
можливо тобі, в будь яку
модерну дурницю!..

Не карай мене боже!..
В цій справі, не буде
"розляду по правді".

Найперше від усього,
закрий історичну в'язницю.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Cidade


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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7. Cidade (Город, 1935)

Eu sonho sempre: a primavera na natureza.
Eu sempre sonho: contigo,
que és me mais caro do que a natureza,
e que ligeiramente sempre passas
pela estreita rua da minha casa.

Porém não; agora passaram os vizinhos...
Porém não; agora foram passos lá na esquina.
Quanto degelo e quantas são as 'gololeditsa-s'*
e quantas camadas de neve se interposeram entre nós!

Somente os meus lábios estão secos,
pois não rceberam beijos desde dezembro.
Apenas por outros sou amada,
que nem um pouco se parecem contigo.

Um deles anda pisando macio,
fala doces palavras e frases de amor...
A minha rua é sempre cortada pelos ventos,
que esbarram na entrada, entreabrindo os portões.

Com cuidado fecha a porta,
passa pelo assoalho, como se pisasse no gelo.
Então, como poderia eu confiar nele?
Então, como poderia eu segui-lo, indo com ele?
Então, nem um pouco me culpe.
Toda culpa aqui, somente é tua...

Para além do Lago,
além do Baikal de Irkutsk,
Por entre as nuvens,
incorpora-se a floresta de taigas.
E as nuvens cobrem os montes,
impelidas que foram
pelos ventos da primavera.

Do seio da taiga, emerge uma cidade,
parecendo uma floresta mais noa,
Errante eu prossigo, enchugando as lágrimas,
Procuro conhecer os ventos, nas minhas cercanias,
Levantando as mãos, que "enchergam" a sega escuridão.
Não. Não é preciso. Eu ouço e eu creio
no murmurinho silente das taigas
e no burbulhar da correnteza dos rios...

Um homem estranho,
na porta alta e forte,
virá um dia bater.
Trará flores fura-neve
-- um lindo buquê para mim.

Muitas absurdas e carinhosas
e poucas agradáveis palavras
ele dirá para mim.

Eu não darei-lhe um sorriso;
Direi-lhe apenas, não quero mentir:
-- Um tenho o meu desejado,
sem o qual já não posso viver. --
Darei meu olhar para ele, piscando:
Como eu posso pousar,
nos braços de um outro,
se o nosso amor já consegue erguer
cidade em plena floresta de taigas?

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Nota:
'gololeditsa'* (Гололедица)
-- camada de gelo (de neve congelada) que se forma
na superfície do solo.br>

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Recordações


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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7. Recordações (Воспоминание, 1946)

... Na encruzilhada daqueles caminhos indiscutíveis,
vislumbra-se uma morada, no meio de úmidas sombras.
Em um dos quartos da morada, jaz morto o artista pintor,
-- Os vizinhos enrolaram todas as suas telas...

Maravilharam-se com as pesadas molduras
e -- com as inúteis desnecessidades suas,
refletidas nas insólitas curiosidades das estrelas;
Enquanto nós, viviamos felizes em nossos aposentos...

Como soa absurda essa frase da estrofe!
Viviamos felizes... Que palavras insanas!..
Pobres os ceus, dos espaços da Leningrado --
Mesmo sem proteção. o azul não deixou de brilhar...

Tu não soubeste meninutos sequer de sossegos,
Canhões bombardeando, condesando as fumaças.
Não se dá perceber o milagre? -- Os ceus não mudaram!
Enquanto os estrondos detonam, os ceus continuam azuis!?

Como posso querer entender um passado temido,
que a cidade viveu -- solitária, e sem testemunhos?
Não se dá perceber o milagre? -- Que a maldita "derrota"
transformou-se, em nós, numa força bendita?

Talvez naqueles tempos, não nos mataram
-- nem os obuses e nem as bombas dos inimigos,
Porque nós tínhamos a fé, porque nós viviamos e amavamos,
E porque era nos, por centenas de vezes, mais cara
aquela úmida primavera da Leningrado, que não permitiu
que a cidade tombasse sob os pés do inimigo...
Foi como que uma não terrena felicidade
inadvertidamente descesse sobre nós.

Por mais que sejam inúteis os teus vestígios,
mais generosamente queira mostrar-te -- O que tu és...
Muito cuidado, todavia! Como se fosse após uma doença,
o tilintar enfraquecido do seu último trâmuei.

Intumescem os rebentos dos novos ramos,
Os primeiros pálidos arbustos, tímidos se mostram...
Os navios em roupagens de telas camufladas,
Parecendo noivas reservadas, --
a espera dos noivos, para a travessia do rio Neva...

A cidade encerra em si: um sem fim de ventos --
Há os rascantes, há os suaves, há os frios e os quentes.
Porém, não há os ventos de fura-neve,
que pudessem imitar a cor celeste, da fria flor da neve

Por outro lado, podede-se comprar daquela starushka*,
que adivinha os pensamentos dos outros,
-- das ingênuamente enfeitadas suas "mãos",
"mortas" e secas flores sem vida.

E tu, coração meu! -- Pela vez primeira,
e talvez até o final dos teus dias,
Estarás perturbado, pelas flores secas,
na existêncial estada da tua sobrenatual vida.

Sem demora, ou lentamente nós atravessamos
-- todos os anos, das nossas perdas terríveis?
Não nos reconciliamos com eles; nós os vencemos!..
Portanto, podemos agora

Com a nossa própria vontade e com a nossa autoridade
Restauraremos tudo, o que a espada de fogo cortou-nos,
Recuperaremos tudo, o que o passado de nós quis roubar!
Jamais esqueceremos o passado que fomos,
a felicidade de sermos agora --
de podermos vitórias cantar!

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Nota:

starushka
-- Aqui, uma senhora idosa;
neste caso, presuma-se que ela vende flores artificiais.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Природи процес


Сьогодні небо безхмарне.
Перелітають ворони зі стовпа на стовп.
Шукають аліментацію шлунку своєму
-- Знають вони, що мають право
жити щасливо, так як приписує
природи нормальний процес...

Колись 'Так казав Заратустра':
Треба жити, літати --
в безодню дивится, себе в нім шукати!
Природа це "я".
Як про мене вона може знати?!
-- Я в поверху її;
Вона навколо моєї хати...

Тож я, як ось ті ворони,
зі стовпа на стовп, не потребую плигати.

Сьогодні небо безхмарне.
Десь за горою літають журавлі.
Тут кажуть що вони дітей приносять
-- не ляльок у ’вигляді цурпалки’,
а що народжуються в любовнім сні.

Далеко десь дощі гуляють.
З вітрами ведуть розмову,
так як сучасні школярі...
Круглих столів вже не вставляють;
Навіщо час тратити.
Скінчилися віки богів!

Люди й народи "подуріли"
-- Розмова вся йде поза будь яких,
колись важливих, окраїн берегів...

І так перелітають,
зі стовпа на стовп, усі ворони.
І там далеко, також літають журавлі.

Vladivostok


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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7.

Vladivostok (Владивосток, 1954 - 1956)

Barranco abrupto da terra querida,
voando obliquo para o oceano,
distante, dos teus ceus azuis;
lembrar-me de ti, jamais eu cansarei.
De ponta a ponta, pelos ventos cortado,
aos ceus corres com pressa, sobre cornijas;
Resplandecendo o azul claro;
De ponta a ponta penetrando e atravessando,
e confirmando a tua grandeza,
Orientas o teu vigilante olhar para o futuro...
Para além do barranco abrupto da terra querida,
-- O terraço escarpado de Vladivostok.

Levanta-se a manhã cor-de-rosa.
Brincam de "esconde-esconde" os raios solares.
De todos os lados -- para onde se olhe,
brilham reflexos do Pacífico, o Grande oceano.

Ele bastante límpido e claro, e é grandioso,
mas desde as remotas eras e até hoje
ele somente se bate em "debates"
contra as falésias e escarpados da minha terra
-- O esteio da minha cidadela.

No azul celeste do teu território,
está a minha terra, a minha pátria querida;
As tuas bases rochosas, eu as sinto
-- como se fossem, as minhas bases próprias.

Nas composições do carvão e dos minérios,
nas camadas dos granitos e do urânio
estão os meus pensamentos, as labutas minhas,
os meus passos e os rastos dos meus caminhos;
A minha sorte, para sempre, está resguardada.

A felicidade dos encontros e a dor das despedidas:
coisas que -- em abundância, passei na minha vida,
guardei-os nas profundezas dos esconderijos --
disseminados pelos teus magnetes.

Incorporei, à minha existência e ao meu trabalho,
as tuas leis profundas;
Agora em mim habitam -- de modo inabalável,
as qualidades mágicas do trabalho --
O inabalável caráter da terra.

E nesse tempo da manhã esplendorosa --
sobre a magnificente profundeza do mar,
pela primeira vez dentro de mim, eu sinto-me
um ser diferente, um ente esculpido em aço.

Através da inabalável disposição das coisas,
ao longo dos anos, num fluxo eterno de movimentos
-- eu sinto como jamais o tenha antes,
as leis eternas da gravidade da terra.

Porém, naõ terei medo de olhar para o futuro
E crer em vida, jamais eu deixarei.
Agradecido fico, para o destino --
por ter aberto-nos caminhos para o oceano...

E não me importo por ter sido o destino,
algumas vezes feroz comigo --
Atalhos não escolhendo,
com sua invisível sabedoria:
deu toda proteção a mim...
O esteio da minha cidadania!
Vladivostok, Vladivostok --
O terraço escarpado da pátria querida!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Нова річниця


Річниця прийшла.
-- Розмовляє зі мною
"П'ятьдесять років минулося,
часи пролетіли скоріше чім лебідь;
Я ж незуважив, що в світі все гнеться
тоді як старіє літами...
Я мірився з сонцем, із місяцем
та із зорями, і думав що вік мій
кінця не дізнає... Що я -- мов вітрило,
що хвилі в морях розсікає".

А так і не сталося.
Гадалося слово: "вперід" -- на охоту...
Пора ось прийшла, каже: "помаленьку",
"не спіши" -- піхота, з увагою йди!..

Не блукай даремно, часу не губи;
Знай була година -- вже перейшла
Спрямувати, тобі треба,
твій шлях до славетного кінця!..
Як що так не зробиш, то не побачиш
побіди життєвого вінця.

П'ятьдесять років подружного буття!
Щасливе будування світогляду,
домашнього знання... -- Завдань,
оцінок, та велику кількість
перетинок розірваних,
між мною і тобою.
Ось як ми підійшли до ювілею
подружнього життя п'ятьдесяти років.
-- Хай "на віки" живе ще
Ювілеї Золотого Весілля!

Túmulos irmãos


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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6. Túmulos irmãos (Братские могилы, 1945)

Adormeceu, o meu esconderijo,
jamais levantará do sono seu.
Ainda não se tirou o cheiro do sangue,
e a terra ainda está toda vermelha.

Os novos capins e ervas
ainda não cobriram os túmulos.
Lado a lado dormiram os companheiros,
Que, do repousante sono, jamais acordarão.

Os pássaros, daquelas nuvens altas,
quando, em bandos, estão voando para o sul,
Por sobre os túmulos-esconderijos, passam;
Consigo levam as lembranças de um ex-arrebol...

E quando a parentela dos soldados,
aos campos for -- para arar o solo,
e vendo os túmulos-esconderijos --
Por eles passará, não os tocando.
-- Aos que adormeceram lá,
tributos de post mortem prestará!

Os túmulos, sem lápides vistosas,
são com cuidado limpos pelos ventos;
A própria terra encarregou-se de assinalar
o sono dos heróicos filhos da pátria.

E, se nos anos vindouros,
o milagre proclamado acontecer;
Da guerra as lembras serão esquecidas.
A terra jamais dela notícias terá
-- Guerras nunca mais haverá!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Grandes espenças


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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5. Grandes esperanças (Большие ожидания, 1946)

Luzes piscantes dos candeeiros.
Em casa só nós dois -- eu e Dikkenson.
No meio das sombras, ardem à nossa frente,
das esperanças de muitos desejos, fogueiras.

Oh, juventude do pobretão Pipa,
como ela quer encontrar a sua sorte feliz!
... Eu em casa, sem fazer um barulho, sem um ranger.
Sorumbática e calma vivo. Lá fora, há uma guerra.

Será que há muito já se passou,
que nesta morada ouviam-se vozes preclaras?
Eu não fiquei sega aos sofrimentos das dores.
Ao longe consigo enchergar alguns veleiros navegando.

Ó, minha liberdade dourada!
Jamais sufocarão a tua existência, com nostalgias.
... É o final dos anos de quarenta e um.
Os fascistas se apresentaram nos umbrais de Moscou.

Desenrolam-se as grandes batalhas.
Espera-se novos e grandes voos rasantes.
Pelos espaços da praça de Petrishchevo,
desfila, a heroina Zoia, para uma morte juvenil.

Não poderemos mais salvá-la do sofrimento,
estender-lhe a mão, saciar-lhe a sede de água...
Ao redor dela explodem os obuses de canhões.
Noite em estado de sítio -- um silente torpor...

Sinistros abraços dos prédios.
Não pode-se ver frestas, nem relampejos de luz.
Apenas, de muitos desejos, uma grande esperança
Ainda -- aos corações, dá vida e calor de uma luz.

Doce amor, hoje és todo amargo! Onde estás?
Retorne aos meus versos -- em linhas quebradas;
Que eu possa sentir-te ainda comigo...
-- Eu posso esquecer-te, perdendo as tuas rimas.

Com a lembrança das primeiras mensagens
fica-nos claro o terminar de um terrível final.
As fulgurações estelares, das esperanças grandiosas!
Um cativante tremeluzir dos corações!..

Seja qual for, que nos coubesse a sorte,
quais fossem dias, que se nos apresentassem...
Ó, juventude do pobretão Pipa!
Fogueiras de desejos, de muitas esperanças!

Tudo piorando, tudo empobrecendo, tudo mudando,
tudo virando pelo avesso, tudo ficando ao contrário!
Porém, tudo pretende ir avante para as vitórias
em busca de novos voos de grandes expectativas.

Assim, tem-se o encontro
de percalços com adversidades,
na secreta sorte da existẽncia humana.
... O final dos anos de quarenta e um.
Os fascistas se apresentaram
nos umbrais dos portais de Moscou.

Em períodos de grandes sofrimentos
os homens sempre encontram -- em suas mentes,
grandiosas e inumeráveis esperanças,
que se lhes apresentam como uma estrela amiga
-- já deles conhecida, desde a sua infância...

E ficam gratas todas as batalhas não ganhas
e todas as perdidas ilusões, que porventura
poderiam ter-nos conduzido até ela...
E mesmo as mais completas realizações
das mais almejadas esperanças,
são mais pálidas do que ela...

_____________________________________________________________
Nota:

Petrishchevo / Zoia
-- Petrishchevo / Zoia (Зоя Анатольевна Космодемьянская)
Zoia 13.set.1923 - 29.nov.1941.

Foi uma guerrilheira de uma região dos arredores de Moscou
[Petrishchevo -- Петрищево (Рузский район)]. Pertencia ao
grupamento de reconhecimento, do estado maior da frente de
defesa ocidental.

Foi a primeira mulher reconhecida, post mortem, por seus
méritos e condecorada como "Herói da União Soviética".
A sua imagem aparece em publicística, na literatura,
na cinematografia, em obras de escultura, em pintura,
em obras monumentais e em exposições dos museus.

A alma humana


A alma humana prefere:
não a riqueza, mas a Concórdia;
não os governos, mas as Verdades;
não as liberalidades, mas cumprir os Deveres:
                                 -- para com os seus vizinhos,
                                 -- para com os seus amigos,
                                 -- para com os seus familiares,
                                 -- para com os seus concidadãos,
                                 -- para com as instituições do seu país,
                                 -- para com a sua Pátria;
não a satisfação material apenas, mas deliciar-se com
                                                       os cânticos de amor;
não a satisfação de receber apenas, mas de doar-se e de doar
                                                            coisas, aos que precisam,
                                                            com denodo e com amor.

A alma humana
-- tal como ela é,
em si, e só por si,
encerra um imenso valor!

Não a desperdices à toa.
Não a enlameies
com uma vida de torpor!

                                      

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Bosque de bétulas


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.
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_______________________________________________________

4.           Bosque de bétulas   (Березовая роща, 1956)

Folhas caindo, cujos ouvidos viveram
e quardaram, para a minha vida, os segredos
de incessantes sussurros, dos passados dias de maio.

Essas mesmas folhas, nos dias insinuantes
e não confiáveis, durante a primavera, -- como ondas
estremeceram e me queimaram como brasa.

Essas mesmas folhas, nos dias insinuantes
e não confiáveis da primavera, estremeceram-me --
como se fosse uma leve onda ao sol e me abrasaram...

As gargalhadas dos estrondos, das quentes trovoadas,
permaneceram escondidas -- no seio das úmidas folhagens.
Então, daqueles tempos até agora, eu sinto-me em casa...
Posso dizer, que acabamos de formar um forte parentesco.

Fumaça dos espaços eu respirava,
apoiando-me nos perfumosos troncos,
Em nada ele* me contrariava,
e tudo dividiamos meio-a-meio...

Alegrava-me, como só ele podia, --
discussões de pássaros comigo promovia,
moderada e sabiamente ruídos provocava,
seus ramos expandia e verdejante crescia.

Com frutos de morangueiros me presenteava,
levava-me aos riachos e à suas fontes...
Graças a esse trabalho amigo e sincedro
tornei-me seu companheiro fiel e muito vero.

A nossa amizade desinteresseira
permanente ficou -- União indizível,
Na sua essência incrível;
Somente por quem tem sentimentos, possível!

Calmamente, folhas caindo.
Silencia o bosque, eu sinto-me só.
Ventos uivantes se abatem sobre as copas.
Trovões silenciaram, dissiparaam-se as nuvens.
O que dizes, meu bosque! Terás me enganado?

As alegrias de todos os teus encantos,
agora teem custos -- Eu devo pagá-los
com o preço do vil dinheiro!

Ouve-se reclamções surdas
com a chegada do outono, a seguir...
A folhagem cai -- agora é seca,
mas os troncos permanecem firmes.
E se ouve -- sem parar,
o barulho ameaçador, da sua essência:

Irrevogavel, inutil e já é tardio!
A nova folhagem que seja esquecida.
Revestir-se de verdade -- Que nada!
Seja claro, como o silêncio de outono,
e decidas, enfolhar-te-ás de folhas
ou permanecerás firme -- de pé,
como nós (troncos) estamos agora...

A mentira nós desprezamos,
e as alegrias dos encantos,
são por deveras pequenas...

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Nota:
"E nada ele*"
-- ele*, refere-se ao bosque de bétulas


Cadê?


Cadê o mestre
dessas paragens?
-- "Quebraram" o violão,
desafinaram o violino, e
o zabumba emudeceu!..
Não mais tocou,
não fez barulho
se escafedeu!..

Por que?
-- Ninguém responde.
Pra mim, quem não devia,
na certa já se esqueceu,
que as coisas
só funcionam,
conforme o mergulhar
dos peixes, no barco
dos filhos de Zebedeu!

Fizeram festejos muitos
Comeram e beberam;
Confabularam coisas, --
Prevendo um fim
da confraria original.
Assim fizeram e
na lápide recente
desenharam: Esta é
"Nova Vida".

A Vida velha foi apagada;
Dela restou nenhum sinal.

Na quadro de avisos --
em letras "garrafais",
se lia: "Em fins de cada
temporada de alegria",
compassos de zabumba,
ao som de violões
e de violinos
uma "serenata" haveria.

O tempo se passou
E todos se enganaram --
as "serenatas" não se faziam;
porque não se iniciavam
as novas temporadas.

Cadê o mestre,
para explicar pudesse,
se é verdade, que
o que não tem começo
também não pode ter um fim...
Por isso, não se pode
cantorias de serenata promover
das que possam deixar saudade!

Júpiter


Júpiter!
O teu orgulho é ser o que tu és
-- Em "C" maior a sinfonia;
De Mozart a joia rara,
Não há quem não te adore --
Tu és a "prima donna" absoluta
de um "allegro cantabile",
na voz incomparável --
de um Philippe Jaroussky --
És insondável em seus acordes.

Ó, Jupiter!
Por que não tomas tu
a vez do Sol, dos altos ceus, e não te proclamas como
o soberano e invencível
rei dos sons das sonoridades
-- de todos os espaços,
do musical firmamento?..

Não deves temer nada.
Já foste coroado como
o deus do dia, pelos romanos.
Entre os gregos, és conhecido
como Zeus... És pai de Marte,
avô de Rómulo e Remo --
"co-fundador", com eles
do vasto Império Romano
que dominava a Europa
do norte até do sul o extremo.

O teu orgulho é ser o que tu és!
És um planeta desconhecido...
És Sinfonia 41 de Mozart --
em "C" maior de acordes
de tríadas e de sétimas
de perfeita sintonia!..

domingo, 20 de janeiro de 2013

Agosto


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.
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3.          Agosto    (Август, 1945)

O verão deste ano não foi agradável.
Entre os pequenos pinheiros, uma choupana de madeira.
Já estamos em dezembro e o coração ainda não foi aquecido.
O verão já passou... Porém, não é este o problema.

Em tempos de outono, sente calafrios o arvoredo.
As copas se perdem nas densas neblinas.
Uma trintena delas, já está quae murcha.
A juventude findou... Porém, não é este o problema.

Pode ser por um ano mais velho; talvez, mais novo por um;
Não é este o problema, -- Ó, meu amigo do peito!..
Veja a sorveira, de pequenas frutinhas vermelhas,
Um primeiro cacho de bagos "rosáceos", parecendo flor.

Candente, adstringente, um amargo furor
À noite assenhoreou-se de um, sem graça nenhuma, arbusto.
Uma maturidade valente e uma forte velhice --
Uma fidelidade à natureza... Porém, não é este o problema.

Coração meu, tu aprendeste já há muito tempo
segurar firme, em mãos, uma corda "imperceptível".
Nada então é perigoso, neste mundo, seja o que aconteça...
Algumas coisas há no mundo, que ninguém as pode mudar.

Já aconteceu algo, que nas almas das pessoas
que um dia estiveram contigo, tenazmente se infiltrou;
Não se pode contorná-lo, jamais esquecê-lo e nem apagá-lo;
Por mais que tu queiras fazê-lo. Nem tentes nunca torcê-lo.

Viajantes somos, o desconhecido não nos amedronta.
Atingimos a idade pretendida -- por nós um dia sonhada...
Numa estrada sinuosa -- pelas extensões dos arredores,
Nós nos encotramos, nas alturas das serras: dos montes...

Vivemos "eternamente" e sentimo-nos "iluminados",
Respiramos fundo, sem nos alinharmos com os vales e campinas.
Nas alturas aguçamos os nossos olhos, --
Mais perscrutador, atento e infalível fica o nosso olhar.

Todavia, nos objetos mais amados, nos rostos amigos,
Durante os dias sem ventania, do mes de agosto
Inevitavelmente e rigorosamente tombam --
dos montes escarpados da serra, inevitáveis neblinas.

Então, camarada, passaremos por essas etapas,
Desanuviando as sombras, com o nosso obstinado trabalho,
Com as nossas canções, que ainda não foram coantadas,
Com a nossa fé no futuro -- Com uma palavra de saudação...

O verão deste ano não foi agradável.
Uma choupana de madeira,
escondida entre os pequenos pinheiros...

Серед поля


Хатинка серед поля,
Ялинки снігом обняті;
Доріжки порізані санами.
Там, десь далеко
-- за горизонтом,
рожеві виглядають небеса.
Немає хмар там, синіє все,
та небозвод весело виглядає!

У тій хатині
дівчина має бути,
вона щасливо себе чує --
я думаю, красиву пісеньку,
під звук сопілки,
як соловейко виспіває.

Послухай же ту пісеньку --
Згадай за мене -- розкажи,
Усім що ти мене кохаєш,
хоч я тебе й не знаю ще
-- Хто ти?
І ти ж мене тоже не знаєш
Нехай люди питають?
-- Хто ми?

Не знаємося ми!
Ота хатинка серед поля
має два вікна й одні двері.
Я маю одне серце
та двоє очей маю.
І думаю ти такаж є,
тому і я тебе кохаю!

Пшениця


Державна таємниця
чи є важніша ніж людини одиниця,
питався одного разу,
отой бідняк -- Він же нвзивався
Пшениця. Простий він чоловік --
Один із тих, що в чистім виді
і є та одиниця. Пшенийя...

Пшениця це є життя:
Однорічна рослина сімейства
-- Рід трав'янистих рослин,
найважливіша культура
плодородного земельного
участкового настрою. І вона
також в собіб є одиниця.
Другого зерна не знайти
-- деб ти й не шукав,
як нутріційна пшениця!
Виноград, зміцнює дух нам,
а живить нас пшениця...

Хлібороб щастя сіє --
добробут виробляє людині;
Володар все в людей забирає
й сам не знає -- що з ними,
щось недобре все діє.

Слово добре "пшениця"...
Простий чоловік зрозумів це
-- та й вже дуже давно!
А державна таємниця чи зуміє
стати поряд із народом,
щоби більше сіяти пшеницю!?.
Чи на далі буде розкидати
кроленять, з своєї клітки,
як чуже майно?..

sábado, 19 de janeiro de 2013

Os nossos destinos


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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2.          Os nossos destinos    (А наши судьбы, 1947)

Os nossos destinos, os pensamentos, e as glórias,
as meditações, as esperanças, as alegrias e as tristezas
ainda -- e por enquanto, não passam de uma vulcânica lama,
que jorra ardente para os anos vindouros.

Ninguém se perderá pelos caminhos, e nem sucumbirá,
e essa lava em brasa, será a liga dos nossos destinos
que, com o tempo, ao sopro de um redemoinho, resfriará e
as suas lindas formas -- consubstanciando-se nelas, mostrará.

Multissonoros poemas nascerão,
nas fileiras inflexíveis de volumes dos Imortais.
Ali estarão também aqueles, cujos de nós são quase mudos,
Então a alma de todos, emocionadamente, se atordoará.

Por sua percepção profunda, pela visão e irrepreensibilidade
serão eles aceitos -- como um patrimônio, pela eternidade
a mãe solícita e cuidadosa dos tesouros da humanidade --
Serão os novos clássicos, ao lado dos clásicos da saudade...

E lado a lado, por séculos viverão juntos
Aquele primeiro mestre, que já com suas forças abatido
acariciando a vulcânica lava viva
-- sem medo de queimar as suas mãos,
deu-lhe uma forma.

22 de setembro


Margarita Aliger (Margarita Iosifovna Aliger)
(Маргарита Иосифовна Алигер, 1915 - 1992)
O nome dela também é: "Маргарита Иосифовна Зейлигер"
Nasceu em Odessa, na Ucrânia.
De família judaica, de sobrenome Zeliger.

Poetisa soviética, tradutora e jornalista.
1934 -1937 estudou em Maxim Gorky Literature Institute.
Foi casada com o compositor Konstantin Makarov-Rakitin,
que faleceu, em 1941, na batalha de Yartsevo.

A sua obra poética compõe-se de 70 poemas (da série).
Tradução do russo, para o português, é
de Mykola Szoma.

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1.          22 de setembro   (22 сентября, 1936)

Para mim um novo dia --
é como se fosse um novo homem,
com um novo caráter, com um destino diferente.
Ele partiu bem cedo.
Montanhas, rios e mares
não são nenhuns obstáculos à sua frente.

Pessoas há -- são só feriados, desde manhã
a vida lhes é leve e lhes sorri a natureza,
jardins floridos, sorrisos de crianças...
Por todos são esperados; mas eles passam
como se fossem um ínfimo instante.

Não quero simplesmente passar, como esse dia,
que presencia a contenda entre o sol e o tempo,
a trêmula sombra da queda das últimas folhas,
o cheiro alarmante das ondas dos mares do norte;

Lá o silêncio e paz não são de muito agrado,
Lá mudanças ousadas se fazem a todo instante.
Lá serão resolvidos problemas daquelas paragens;
E jamais será permitido mudar as suas sentenças.

Haverá folhagens em fogueiras apagadas,
E o sol terá de se apagar pelas estradas.
Haverá gente que de mim terá lembranças,
Como se eu fora um cristal ou translúcido dia,
que, de algum modo, lhes dera um pouco de alegria.

Então endenderás: Tua saudade é clara,
O amor, para comigo, é tenaz e obstinado.
Derrotará do povo todos os exércitos
nos montes de Sierra de Guadarrama.

E é preciso mais do que?
De tempo!
Para as gentes queridas e fortes
avista-se a fartar
como se deu a morte desse dia;
Não haja açodo precipitado
com festividades simplesmente.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Claro, que não!


Regula o registro
-- co2 em ação!..
Insufla as mentes!
-- Poderás restaurar
o trotar de cavalos?
Restaurar carruagens, e
reverter os caminhos da vida
Eu pergunto: Sim, meu irmão?
Dirás -- Claro, que não!

Teoria da estufa,
estufou já demais!
O calor "reverbera"
a dois metros do chão,
Nas campinas e nos vales
-- e lá não se queima carvão.

"A grande fraude do aquecimento"
não pode, nem poderia enganar...
Martin Durkin - da WAG TV London
(2007, 8 de março) houve por bem
ao mundo, a fraude denunciar!

Ambientalistas soletradores
de conceitos "inexistentes"
-- Que tal não perturbar
os sonhos dos menos potentes!
-- Deixem, que eles próprios
possam cuidar de seus ambientes!

De resto
Claro, que não!
-- O "papo" de estufa é
simplesmente improdutivo e vão!..

Aquisitis



        I
Ilumaquisitis:
Ilumine-se um pouco
-- aqui há uma "sitis"
Iluma... e quitis.

        II

Aquis -- it is
Surrealista quis ser...
Não quis!

        III

Dadá não dá, nem mesmo
querendo ser um oportunista...
Sombra envolvendo o voluntário
-- protagonista da coisa nova!
A que semeia portas de entrada
-- fechando as da fé passada.

Farol da estrada
que um dia já foi iluminada...
Hoje, de pedregulhos espalhada
em nuvens densas envolvida, --
Parece nunca ser transitada!..
Hoje nela só anda boiada,
de cor cinza pastel;
De vez em quando,
aparece alguma
malhada...

A dimensão não é dimensionada.
Convém que seja assim, para
que não se desvenda a
intensão imaginada -- esperada.
Uma seta no céu, uma outra seta
-- esta mais alongada,
num dos quatro polos fincada...
A sombra, um elo entre as duas,
já deve ter sido testada!

Num dos polos, eu vejo argila;
No outro, bigode enrolado,
parecendo cabo de bengala
-- uma serpente que cibila!..
Desperta do sono, se enrijece
e bravia embirra!

Partirei primeiro?


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Я ль первый, 1860)

Partirei primeiro?

Serei primeiro a deixar estas paragens
-- ou serás tu?
Preveniste-me, que estás pronto a romper
-- dos túmulos, quaisquer limites!
Irás contar aos ceus
sobre os terrenos pesadelos,
-- São coisas tais inverossímeis
para os incorpóreos seres de lá!

Nós dois, indignaremos dos ceus a calmaria
-- a nossa história sobre a terra,
Revelaremos as cenas de tristeza e de dor!
Onde um irmão, sem ter o que comer,
-- apenas pede, a outro irmão
um pedaço seco de pão;

Onde o ouro e a prata -- transtornamas mentes,
Onde a mentira domina -- todos vivem hipocrisia,
Onde a tímida bondade -- aguarda a si uma graça,
Onde verdade é temida -- o coração não crê nela.

E é lá, que eu -- cheio de ódio, lutei e sofri,
E é lá, que tu -- afligias-te e também sofrias;
Porém,
-- Tu podes dizer, que eu jamais amaldiçoei;
E eu também direi, que tu sempre abençoaste-me!

**********************************************************

Nota final:

Este é o último poema, de uma série de 104,
de Jakov Petrovič Polonskij traduzidos por
mim, entre os meses de novembro de 2012 e
janeiro de 2013. A escrita do poeta é no
estilo do russo do linguajar do século XIX,
o que trouxe certas dificuldades para a
compreensão do texto. Com pesquisas em
dicionários e pela Internet, foi possível
vencer as dificuldades. Procurei fazer uma
tradução que mais se aproximasse das idéias
que o autor pretendia embutir em seus versos.

Para uma canção


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Чтобы песня моя, 1864)

Para uma canção

Para uma canção minha poder ecoar pelos espaços,
      Ela espera que um clarão ilumine a sua sorte:
      -- Não uma noite escura;
      Mas o ardente oriente
      Reflita-se nela...
      Que ela o transborde em forma de som.

O gorjear de livres pássaros, por sobre as matas,
      As florestas acordando, pra ouvir trinados;
      A coruja chirriando -- Não me apavora --
      Que a minha canção seja "boa nova":
      Uma esperança, a quem já vive à toa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Se acaso


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Что, если, 1864)

Se acaso

Se por acaso,
para o teu último amor,
Resolvesse responder ela
com o primeiro amor dela
E gritasse, como criança:
"eu te amo", -- E assim,
iluminasse a escuridão
da tua alma e do coração?

Tenhas cuidado!
A leviandade imatura dela
Não queiras envenenar,
com suspeitas impertinenetes;
Não te aproximes do amor dela infante.

Em se tornar uma mulher madura,
Apavorada, perceberá em si mudanças...
Então -- nos braços de um outro
Carinhos seus despejará. Saber de ti
não quererá, -- Tu ouvirás então,
pela primeira vez, quanto maldito és,
Infelismente! É o amor de última vez.

Um fim do mundo


Um fim do mundo

                  1.
(Mykola Szoma   -  17.01.2013)

Virá um fim do mundo.
Para alguns, apenas será uma terceira...
Depois -- os que restarem sós,
terão à sua frente
a estrela sementeira!
-- Iuane de ouro.

Aos mais vorazes entendidos,
não passa isso de uma besteira.
Respondo, aos desentendidos:
É bom rever a história da rasteira!
Um cacho de banana
só pode dar em bananeira,
A pétala de rosa
só desabrocha num botão de rosa
em qualquer ramo de uma roseira.

Dizem que há apenas um por cento
de homens sábios no planeta, --
Os tais que, em suas mãos, deteem
e manipulam algum tipo de luneta.
De longe "enchergam"
o que pode acontecer... E traçam
planos "sacros" para o futuro --
de sopetão, não desmerecer!
E é melhor fazer
as coisas acontecer.

O fim das coisas está por vir!
Quem fez-nos nisto acreditar
-- terá coragem de se revelar?
Para dúvida nenhuma suscitar,
é só canais, do tipo 'ren.tv',
de vez em quando visitar.

                2.
(Do livro de П.И.Карпов,
Poema de autor desconhecido)

Tradução do russo por Mykola Szoma
17.01.2013

Daquele cículo nublado,
Lá das alturas, do horizonte,
De escuras asas -- um pardal;
Solitário, estremecendo, ele
Voa velozmente sobre a terra.

Ele voa durante as noites --
Iluminado pelas claras luzes
-- Por ninguém desanimado,
Ele tudo vê à sua frente.

Ele tudo vê à sua frente.
Orgulhoso, rapinador, furioso;
Quando voa, sombra aparenta ser
Os seus olhos, ofuscantes --
Brilham como a luz do dia...

À sua espreita, segue os passos
Uma águia voraz. -- O pardal,
Feliz consigo, pra longe voa...
Porém, a ligeira águia notou --
O ruído, de suas pequenas asas,
O silêncio do espaço perturbou.

Da águia os vôos são arrojados,
Todavia, não consegue encontrar
-- os caminhos, que a conduzam
Ao paradeiro do pardal chegar!

Restam quantos "pés" ainda
Para voar -- até ao fim chegar
Descansar um sono... Pelo jeito
O pardal sozinho vai repousar.

Numa floresta densa.
Num verdejante vale.
Ou talvez, jamais
Em um descanso ele possa pensar!?"

_______________________________________

Nota:

pés
-- refere-se à medida de comprimento
1 pé = 30,5 cm

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O que há com ela?


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Что с ней?, 1871)

O que há com ela?

                                1.

Quando, de trás da cortina, ela emergia,
             Em estado de oração e meditação parecia;
Uma vida perdida, repleta de males e de sujeiras da vaida,
             Revelava-lhe as dores,
             com as quais a sua alma impregnada estava...

Em seus melhores dias, quando a beleza florescia,
             Seus pensamentos perdiam viço e murchavam;
Seus lábios não murmuravam frases benfazejas e carinhosas;
             Nem proferiam orações de "acalanto" infantis.

Com fogo ardente, os desejos -- de sob as pestanas negras,
             Fulgindo atormentavam, dos outros, os pensamentos.
Naqueles dias... -- milhares de páginas secretas... Foram
             lidas e reviradas. E muitas noites não dormidas.

Os seus anseios de uma verdade pura, levaram-na à lágrimas;
             No Ocidente as tempestades dançavam ventanias,
Chegavam, até nós, indagações as mais diversas e fortuitas,
             Como se o vento irrompesse pelas gretas de janelas.

Salvar-nos, desta ventania de intromissão livre, não há como
             Esta moral fingida, que nos embala, não subsiste
-- Onde os homens não respeitam mais ordem pública nenhuma...
             Tudo, ao derredor nosso, já foi espezinhado...

                                2.

E o espírito de auto-negação apoderou-se dela, --
             Compreendeu o poder que nela residia;
Aprisionou a jovem alma dela,
             Até que ela, de tédio, se esvaira;

Todo o ensino, a família, o estado e o direito,
             A religião, o gênio, e as obras de arte,
E tudo -- o que havia, tornou-se apenas um vazio;
             Na sua mente, -- Em seus sentimentos
                      -- do que havia, nada restou!

"Siga, -- dizia-lhe ele, -- Siga-me a mim,
             Terás um caminho todo livre...
Em breve, entre os atelies e oficinas, nós dois
             Uniremos os destinos num banquete popular.

Em cada espaço -- haverá um palácio coletivo;
             Pelo trabalho -- terás paga em forma de amor;
E haverá fim a todos os auto-aniquilamentos,
             Terá florescido o fruto do sangue vertido".

Estas palavras -- de tudo, sombrias
             Sem parar, ela repetia;
A sua voz fraca -- como uma corda, acordes fremia,
             E na voz, uma fé orgulhosa "bramia".
                                3.

E passava o tempo... E muitas esperanças passavam,
             De modo grosseiro revestidas, não convenciam;
E queimadas, mau cheiro exalaram. Apagaram os encantos.
             -- Do ignorante, os pensamentos
                 diluiram-se junto aos ventos.

As suas faces murcharam -- Em seus olhos escuros
             Alguns pensamentos ainda cintilam,
E se não fosse o sorriso dos seus pálidos lábios --
             O sorriso de outrora, já por perdido se dava.

O "círculo", que dava ouvidos às suas ditosas promessas,
             Já há muito esqueceu os seus sonhos;
Cada qual encontrou o seu próprio caminho -- O cantinho
             no qual resolveu cultivar os seus escritos.

E aquele, que recolheu os tributos do coração dela,
             E aquele, que já foi andar por outros caminhos,
Lançando, em mãos dela, preocupadas perturbações --
             Conheceu, em seu peito, muitas inquietações...

Para que não restasse lembrança das amizades,
             Bateu à porta dela uma necessidade.
E ela se batia -- e ela corria em busca de trabalho --
             Agora onde está? O que aconteceu com ela?

                                4.

Ela partiu para o Ocidente, para as terras estranhas,
             Onde a seara há muito já amadureceu,
E tudo, o que não foi tirado dela com inimizade,
             Para novas inimizades, incolume ficou?

Ou partiu ela para as estepes nossas, para lá onde
             Não se encontram nem o começo e nem o fim,
Lá onde o tempo necessita de infindos trabalhos
             E muita fé de um temperamento ardil?

Talvez, extenuada já pelas terríveis lutas,
             Inebriada pelo cansaço, nem mais respira
E, em silêncio ouve, da vida os delírios, embriagada,
             Meu deus! -- Será que ela ainda ouve!?

Se o seu espírito de auto-negação, -- zombando dela,
             Também dela distanciando-se, a negou --
Aquela que lhe dera, em sacrifício, dias de alegria;
             Graças a ele, está agora perecendo!

Embrutecida -- não poderá mais entender,
             Que no abismo das transgressões humanas
Do coração as chamas, apenas ao poeta cabe acender;
             Do pensamento as idéias alumiar,
             apenas cabe ao gênio.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Rei-menina


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Царь-девица, 1876)

Rei-menina

Recordo os meus dias de infância --
Um maravilhoso adolescente delírio:
Eu adorava aquele conto do rei-menina,
Achava que, no mundo, melhor não havia.

O sol iluminava o seu rosto,
Em seus cabelos escondia-se a lua,
Em suas tranças vermelhavam as estrelas,
-- Próprio deus se refeltia em sua beleza.

E vivia, aquela rei-menina,
De modo não acessivel a ninguém,
Trancado, a sete chaves de ouro,
Em belos aposentos da sua "teremu".

Somente às noites ela saia
Fazer frufru por entre as sombras de bétulas:
Muitas vezes, suas chaves derrubava,
E por vezes, puras gotas de lágrimas chorava.

Só em dias de feriados, quando eu,
Sonolento, pelas ruas, para a casa caminhava,
-- Lá do bosque, os seus olhos rutilantes, e
Úmidos de lágrimas, seguiam-me por instantes.

Naturalmente me acontecia isto, --
Na realidade minha ou, em sonhos meus?! --
Certa vez na primevera, logo cedo de manhã,
Ela -- ruborizada, apareceu na minha janela:

Agitou-se levemente a cortina,
Pegou fogo a roseira de flor dupla,
Quando eu fechei os olhos, encontrei-me
Aos beijos, dos lábios sentindo a fragrância.

Mal eu conseguia notar --
a formosura e o brilho do rosto dela;
E sem que eu pudesse perceber,
um carimbo de visitante --
cauterizou-me ela, na minha testa

Jamais eu consegui livrar-me desse carimbo.
Para sempre fiquei cativo dela;
Da Rei-menina eu nunca serei um traidor...

Estou à espera, -- de um segundo beijo --
Cerquei os labios meus com rosas e ciprestes,
-- Fico esperando que ela possa abrir-me
As portas secretas da sua teremu...

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Nota:

Rei-menina
-- Conto popular russo
Ivan-tsarevich (Иван-Царевич), filho do tsar
Arkhidej (Архидей) preparou um bastão, com um
peso de 40 pud (antiga medida russa de peso,
1 pud = 16,3 kg), e partiu para os confins do
mundo na procura de suas irmãs -- a Lua e as
Estrelas, raptadas pelos monstros.

Com ajuda de Baba-Yaga, ele mata a Serpente
(Змея), libbertando as suas irmãs.

Baba-Yaga (Ба́ба-яга́)
-- Personagem na mitologia folclórica dos eslavos.
Espécie de bruxa velha, dotada de poderes mágicos.
Faz parte de muitos contos infantis russos.

Teremu
-- Parte superior da casa, em forme de torre,
na Rússia antiga.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Amor gelado


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Холодная любовь, 1884)

Amor gelado

Sempre ao perturbarem-se
-- os nossos dias, com
as maldades, e com
cuidados excessivos,
Aos teus ardentes beijos,
eu não respondo com igual
intensidade de calor, --
Suplico! Não me reproches
Nem tenhas ciumes de mim!

Há muito tempo, o meu amor
ficou estranho às alegrias,
Não sonha, também não durme
Assim, em ti não provocando
aqueles cinza sentimentos
-- O peso excessivo de um
Escudo, abatido na batalha.

Jamais te trairei
-- assim, como aquela antiga cota
sobre o peito do velho cavaleiro;
Em dias de batalhas ininterruptas
ela era mais fiel que um amigo,
Porém, o calor dela,
jamais podia-se esperar!

Jamais te trairei;
Se tu quiseres me trair
E, difamada fores novamente,
Então entenderás, como dificil é
Viver... Recordarás... Então --
Darás valor, ao meu amor gelado.

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Nota:
cota -- vestimenta antiga que
os cavaleiros usavam sobre a armadura

domingo, 13 de janeiro de 2013

Para F. I. Tutchev


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Ф.И. Тютчеву)

Para F. I. Tutchev

Noite de inverno. A fogueira crepita,
Foi acesa por deus, ilumina a colina,
Ao redor, secretos fulgores cintilam,
O arvoredo, que arde estalidos,
parece um prateado branqueando;

Ao redor da fogueira, na noite sombria,
O andarilho cansado virá aquecer-se,
juntando-se ao abraços do seu irmão,
O peregrino devoto e, talvez o silvano;
Só passará rente, quem é feliz e audaz.

E lábios ardentes, tocarão a face macia
do andarilho cansado. Ela é o seu amor.
-- Mas, a fogueira não lhes tem sentido
Sonhos e carinho, são todo o seu calor!

Seus cavalos são velozes,
pelos flancos de outeiros,
Seu trenó -- jamais atola
em montões de neve;

O caminho é deslizante -- pelos patins
na neve impresso... -- Por onde passa,
O sino se mistura ao som da neblina,
que se propaga pelas matas ao redor...

Que assim contigo seja!.. Ó, poeta!
As chamas da fogueira, que preservaste
até os dias da tua agitada velhice,
Que te sejam felizes... E essas chamas
que aqueçam os teus cabelos grisalhos.

A juventude se foi.
Como guizo cessou seu ruído.
Como tróica arrojada, deixou de servir,
E foi encostada -- Assim serás tu,
Aguardando um cantinho aquecido à mesa
Ou, uma cortina, toda bordada de flores.

Já eu -- Eu sou um pobre andarilho,
Vago, andando sozinho...
Não há quem esteja esperando por mim.
Deteve-me a noite sombria,
Uma gélida bruma com sua agulha picante
Castiga o meu rosto, sem parar;

Não importa, onde haja fogueira,
Eu me alegro... Quero ir para lá
-- Quero crer
que jamais estou só... Enquanto,
fogueiras houverem,
viverei mais um pouco, por lá...

A encruzilhada


A grande encruzilhada.
Tomar caminho --
em que sentido;
Aonde desejamos ir, e
como nós queremos caminhar?

-- A sós, conosco próprios?
Ou sermos guiados segamente
Levados pelos sábios,
da tertúlia de agremiados,
dos que se dizem com poderes
para as coordenadas todas,
de todas as coisas, mudar!..

Eles, senhores do mundo!
Querem o que?
-- A História e o Passado,
esse que nós em nós vivemos,
com um "tsuname" de idéias
Apagar!.. Suspeito digo:
Eles são filhos de Agar!

Linhas genéticas unidas
no Grande Império eclodiram
em seus abraços de Colossus
todos os "tablets"
dos mandamentos pretendidos
implodiram! E se calaram...
E todos os viventes
-- mesmo os não nascidos,
aplaudiram!.. E se calaram!

Da grande encruzilhada,
os cruzamentos
foram dispersos,
e se perderam...
E os caminhos desapareceram!

Apenas ficaram lembranças
nas mentes dos que,
por debaixo das gotas
de chuvas e ventos uivantes
-- por um acaso, se esconderam.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Todos nós


Eu tive um pensamento --
E pensei que,
se pensasse mais um pouco,
descobriria o porque --

Ricos e pobres, todos nós,
viventes deste planeta,
também giramos como ele
em torno do sol;

Do sol de idéias,
de estúpidos senhores,
que nos transformam
em seres parcos
de míseros roedores!

Não demos conta
de nós próprios...
Nos tornamos idiotas,
nas mãos de poucos
provedores, que
nos ensinam a viver --
Por trás dos bastidores,
dos grandes da vida
dourados corredores!

Somos escravos escravizados
-- Robôs sistêmicos deste planeta;
Pensar não mais queremos nada
-- Dão-nos comida já mastigada,
Apenas basta-nos dar "vivas!",
em troca de pobres pantomimas!

Não mais existe um povo;
Foi substituido pelas massas!
São mais flexíveis, de pouco peso,
Mais desejáveis pelas manoplas --
De resistência nula a simples dobras.

Podemos escolher, o que nos escolheram...
A cada um de nós, atribuiram um escolhedor!
Astuto, inteligente, sabido e sorridente --
Segue a termo a cartilha do provedor mor...

Eu tive um pensamento --
E pensei que,
se continuar pensando um pouco mais,
talvez um dia, o porque de coisas tais!?.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Manhã


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(УТРО)

Manhã

Por cima,
dos inalcaçáveis cumes,
daqueles montes,
pairam profundas neblinas
-- levantados vapores
dos vales floridos;

Como fumaça passeiam,
alcançando os limites do céu,
misturando-se com as nuvens
claro-douradas -- depois,
dispersando-se ao léu.

Raios de estrelas azuis
como ondas baloiçasm;
O sol do oriente,
ardente em brasa, desponta.

E brilha a manhã,
uma jovem viçosa...
Que promete ser mais dengosa
que o céu pós-nublado iluminado --
refletido nos floridos jacarandás!

Nenhuma nuvem, no céu azulado!
Nenhuma pensamento,
a respeito do nosso pão de cada dia!
Tudo em plena calmaria!

Eis uma resposta, para a natureza --
Sorria! Após séculos de aflições,
De obrigações e de mágoas dolorosas,
Sorria... Ó, genioso gênio humano!..

Sorria para a natureza!
Acredite nas suas manifestações!
Não há limites para as aspirações --
Sempre virá um final aos sofrimentos!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A perda


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Утрата, 1857)

A perda

Quando a separação eu pressentia
A tua voz ressoava forte em mim;

Quando sorrindo, eu aquecia
as tuas mãos, dentro das minhas,
Quando um caminho distante e vistoso
O meu silêncio me revelava --

Eu me orgulhava,
dentro da minha alma,
com a tua consternação secreta.

Diante do amor não reconhecido
Mantive-me alegre em nossa despedida,
Porém, -- meu deus! Que dor sentia --
Dentro da alma sem ter o teu amor!
Enormes sonhos de pesadelos e angústias,
perturbavam os meus sonos.
-- Encontros não resolvidos:
O que falaste,
não o disseste por completo;
O que ouvi,
não entendi como devia!

Em vão, a tua voz afável,
Aos meus ouvidos murmurava
-- mais parecia um sino,
de trás dos pântanos distantes,
ecoando: caminho proibido

Jamais eu poderia estar contigo,
-- Então... Meu coração, esqueça!
Aquela pálida imagem
que brilha como faísca
na minha memória apagada;

E novamente, na pobre vida, procure
com os sentimentos, algo parecido
com os dias que já se passaram!..

A prisão


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Узница, 1878)

A Prisão

Ela é minha o que! --
      Não é esposa. Não é amante.
      Não é minha filha, também!
Por que então, a sorte maldita dela
      Não me deixa dormir, todas as noites!

Não me deixa dormir...
      Em sonhos meus, provoca delírios,
      A juventude dela, na prisão abafante;
Eu sinto -- e vejo... Através das grades,
      Uma cama incrustada na úmida penumbra.

Olhos, em febre ardente, partem da cama
      Sem pensamentos e sem lágrimas,
Seus cabelos escuros -- desalinhados
      Como medeixas, pendentes ao chão...

Seus lábios não mais se movem,
      Suas pálidas mãos -- sobre o peito,
Em forma de cruz ajeitadas, não se movem
      -- Sem poder se mover amanhã...

Ela é minha o que! --
      Não é esposa. Não é amante.
      Não é minha filha, também!
Por que então, a sua imagem assim sofredora
      Não me deixa dormir, todas as noites!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Van Allen


Mais uma ves nos enganaram --
Disseram-nos que sim, mas
Lá na Lua, aqueles homens
-- à boca pequena se diz,
Não desembarcaram!?.

Eu na queria duvidar
Porém, depois de tantantas
Mentirinhas "salvadoras",
até aceito em concordar.
E digo, repetindo o gingle
"Edwin Aldrin e
Neil Armstrong"
o estandarte dos "estates"
no solo lunar fincaram...

Depois, os dois --
como bons meninos,
no descanso merecido,
se aposentaram.

Missão cumprida!
-- Eles ganharão!?.
Mas a quem
tentaram enganar?..
-- Se enganaram!
Pelo caminho
com Van Allen se depararam.
Pararam. -- Até quando? --
Não explicaram.

Prisioneiro


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(УЗНИК)

Prisioneiro

Um código pesado paira sobre mim.
Uma corrente retumba nos meus braços.
Por vezes, sopram em mim as ventanias,
Por vezes, ardem fogueiras ao derredor!

De cabeça encostada à parede,
Eu ouço, como aquele doente em sonho,
Quando ele dorme de olhos abertos, --
Que, sobre a terra, avança a tempestade.

O vento de ataque,
do lado de fora da janela,
Folhas de urtiga se mexendo,
Ceus repletos de nuvens de chuva
Ameaçam os campos dormindo seus sonos.

De deus as estrelas, não querem
Jogar os seus raios -- dar uma espiada
em meu cativeiro; Fazer um bailado --
sobre as paredes silentes. Já é noite.
-- Um relâmpago, pela janela, olhou!..

Sinto prazer em ver os relampejos --
Quando as chamas, de seus raios,
Irrompem impetuosas de trás das nuvens.

Espero eu: -- De deus as tempestades
Grilhões meus arrebetem e que, de vez,
Por essas portas, escancarradas,
Que abram-se as passagem para fora --
Dessa cadeia, de desespero, minha.

E partirei... Eu partirei! De novo
-- Irei vagar pelas florestas densas,
Pelos caminhos das estepes vaguear,
Acotovelar-me, dar empurrões
                  nas ruidosas cidadelas...

Irei viver, entre os humanos vivos;
Pleno de horrores e angústias de viver;
Porém, jamais lembrar dos meus grilhões.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Já, sobre


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Уже над ельником)

Já, sobre

De trás de copas pontiagudas,
das florestas de coníferas
cintilava um brilho dourado,
das tardes ensolaradas do ocaso;

Enquanto eu arrancava com o remo
uma densa rede de capim-d'água
e de belas flores aquáticas;
Parecia estarmos sonhando...
Nós navegavamos -- em um barco.

Ora cercando-nos, ora distanciando-se de nós,
Os caniços de folhas secas arramalhavam ao vento;
O nosso barco descia -- no embalo ligeiro,
Entre as margens pantanosas de um sinuoso rio.

Da fútil calúnia e da maldade, da ralé mundana,
Naquela tarde, finalmente, nós estavamos já longe
-- Então, com a confiança e a coragem de criança
Tu te revelaste facilmente; com carícias, que só!

A tua voz profética era-me tão doce,
Ela encerrava secretas e infindas lágrimas;
E para mim, era tudo sedutor, parecia uma desordem
A lutuosa vestimenta e os cabelos castanho claros.

Contra vontade, a saudade expremia o meu peito,
Eu só olhava para o distante horizonte --
Tal como capim-d'água, talvez ali se entrelaçassem,
Milhares de raizes, -- de criaturas como serpentes.

Um mundo diferente aparecia aos meus olhos --
Não mundo aquele encantado -- no qual vivias tu;
A vida parecia muito severa e áspera, em suas bases
Da qual a superfície brilhava -- como brilhavas tu.

À porta


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(У двери, 1888
Посвящается А. П. Чехову)

À porta
Dedicatória para A. P. Chekhov

Certa noite de outono,
          Ao atravessar o quintal vazio,
Eu me vi numa escadaria abrupta
          Escalando-a, como se fosse um ladrão.

Mais a fundo, encontrei uma porta
          Que acesso a algo, ela guardava --
Então eu bati. -- Querida!
          Medo não tenhas... Sou eu...

Atraavés da janela quebrada, a neblina
          Pelo sótão se espalhava,
O mau cheiro, na escadaria pairava,
          E só a escuridão se movimentava.

-- Mais um pouco, e ela me atenderá,
          As trêmulas mãos dela,
Sob a luz branda de um candeeiro,
          Abraçarão o meu cansado peito.

E como antes era, no peito meu
          Cabeça enclinará, dará suspiros,
E sua voz ardente e apaixonada
          Irromperá e expirará...

Ela -- é meu amigo único,
          Ela -- é todo o meu ideal!
De novo, bati à porta de madeira --
          Espero que dessa vez ela me atenda.

-- Perdoa-me, permita que eu entre,
          Eu tremo, anjo meu!
Estou muito cansado, estou martirizado
          Pelas dúvidas e pela saudade.

Por muito tempo, assim bati à porta --
          Bati, chamei o nome dela -- Ouvi
Atrás da porta, suspeitos passos
          Que pareciam batidas do coração.

Estremeci e me senti todo gelado,
          Fiquei sem fôlego...
-- És tu tal qual, -- Uma traidora!
          Uma víbora ardilosa!

Duplamente tu... Mas, ...insensato eu!
          Está na hora de eu despertar-me...
Fico esperando, por aqui, o meu rival
          Até que o dia amanheça.

Tudo aquilo, mas tudo em que acreditei, --
          Não teem valor nenhum -- Mentiras!
Será uma prova evidente e clara --
          Não poderás mais enganar-me...

Sustei a minha respiração,
          Parecia um agente secreto à espreita,
Nem eu próprio ouvia uma ruido mais leve,
          De porta os rangeres, e
                               nem o falar de ninguém...

-- Que baixeza de uma desconfiança!
          Mereceria essa culpa um perdão,
Se o prazer, de encontrá-la, fosse
          A prova maior de ela estar só.

Então, aquietei-me em meu coração,
          Entendi, que ela sentiu-se
Magoada, por demais, com a minha ação.

Não sem razão que, quando nos encontramos
          Lá em baixo do escadarão,
Nos seus olhos, eu notei uma lágrima rolar
          -- Era lágrima de ofensa e de dor.

Não fui eu, o orgulhoso e indiferente?!. --
          Confessei-lhe, como um poltrão,
Que tenho vergonha do meu próprio amor,
          Tenho vergonha de ser um pobretão...

Despertou-me a paixão conturbadora,
          De saudade aniquilou-me o peito;
Perdoa-me! Deixe que eu parta --
          Esqueca tudo o que um dia eu disse.

Mas não!.. De novo... outras suspeitas!..
          Será a ventania, trazendo odores?
-- São ratos, por acaso? Ou... são vizinhos?
          Não! -- Então, quem suspirou assim?

Penoso assim... São muitos sofrimentos
          Suspira assim, a própria morte --
Que quando os seus acertos, com a vida,
          Todos já foram feitos?

Infelizmente! Ninguém quer ensinar-nos
          Amar, amar e ter as esperanças;
Porém, todos os males do veneno
          Mesmo as crianças sabem aproveitar.

Ainda eu via o fantasma do cadável dela,
          Via os seus olhos apagados
Expelindo uma apavorante reprovação --
          Por uma lágrima, já seca na sua face.

Eu chorei, eu me debatia como um louco,
          Eu via a sombra da minha bela,
Toda gelada e toda pálida,
          Assim como é -- esse acinzentado dia.

Pelas frestas, da janela quebrada,
          No espaço do sótão soturno
Os ceus, embaçados por nuvens espessas,
          Espargiam a sua escuridão.

As chuvas gemiam seus ais doloridos,
          Os ventos uivavam, feito animais...
Foi encontrado pelos serviçais e zeladores,
          Tentando arrebentar o portal.

Percebendo, que estava ali um ex-morador
          E, não sem motivo, sorriram --
Disseram que eu fosse embora. Que o morador
          Não estava ali... Estava tudo vazio...

Eu vi-me perdido. Fechei-me em mim mesmo.
          Por onde eu passava,
Parecia ser tudo -- vazio e frio...
          Por alguma razão -- o passado sumiu...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Silêncio


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(ТИШЬ)
Silêncio

Silêncio total no oceano,
Não há nuvens nos ceus;
O ar sonolento não embala
Nem as ondas, nem as velas.

Ó, navegante!
Furioso não olhes
para o horizonte
vazio e distante:
No silêncio,
talvez possa estar
escondida, da tempestade,
a onda...
O melhor é aguardar!

Sombra de anjo


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Тень ангела, 1857)

Sombra de anjo

A sombra do anjo passou com a majestade de uma rainha:
Havia mistério nela, e havia luzes de brilho nela
Uma visão de mistura unitária.
Notei nela, escuras e recatadas pestanas,
Levantadas sobrancelhas, e pálidas faces.

Com a doçura da sua dignidade, os lábios dela se calavam,
Um julgamento veio à tona -- Se, por acaso, ela falasse
               Os lábios dela, bonitas coisas diriam,
               Tantas supremas coisas revelariam, que
               Ela própria sentir-se-ia -- por elas, escravizada
E tristemente, e comicamente, e penosamente -- adoeceria.

Como a dor encarnada de um poeta,
Ela passou, pelas multidões, com a grandeza de sua doçura;
Os meus olhos acompanharam-na, sem cumprimentá-la,
Sem tecer-lhe elogios de admiração, e sem súplica nenhuma.

Com a devida veneração, os meus lábios silenciaram --
Porém, caso eles, de algum modo, algo dissessem,
               Diriam tanta besteira insensata,
               Abririam as infinitas feridas do coração,
               Que -- para mim próprio, eu me tornaria uma traição
E tristemente, e comicamente, e penosamente -- adoeceria...

domingo, 6 de janeiro de 2013

Sombras


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Тени)

Sombras

Pelo azul dos ceus, algumas nuvens navegam,
Pelos campos, correm celere as sombras;
Poderia, uma multidão de nuvens, despencar sobre mim --
Já que as montanhas distantes, refletem o brilho dos raios do sol;

Poderia o sol de repente iluminnar-me --
Se, pelos montes, as faixas de sombras tudo encobrissem.

Muitas vezes, na alma humana
Assim como sombras, os pensamentos,
navegam e voam -- parecendo multidões;

Por vezes, se parecem com um clarão de quentes raios do sol --
Um reflexo de meditações sábias,
que fariam explodir na face,
um feliz senso de humor.

Sombras e sonhos


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Тени и сны, 1891

Sombras e sonhos

Apaguei as velas e de repente,
uma multidão de sombras da noite,
me invadiu;
E sonhando, comecei a caçar
os seus olhos fantasmagóricos.
Percebi que só havia uma escuridão
ao redor da minha cama.

Secretamente,
elas piscavam e murmuravam:

"Ei-lo! Pegando no sono --
Logo, logo se aquietará...
Há tempos para cá,
nos deliciamos com o seu sono, --
Talvez, o infeliz terá sonhos alegres.

Observem como ele, quando dorme,
parece ser mais novo e jovial!..
Mas amanhã, de novo, da vida o frio
Esmagará os seus desejos --
Ele será de novo um hipocondriaco,
farsante e hipócrita...

Mais um novo dia,
Desde manhã, o seu retorno
fará abrirem-se as cinzas enterradas --
Do mal, das perdas, e dos sofrimentos;
Despertará o rico, o esmagado pela libertinagem,
E o coitado do pobretão, que bebe -- por um copeque,
Que se degrada nas discussões das bebedeiras...

E nós nos embrenhamos dentro das noites, --
Nos envolvemos em repousantes sonos;
Porém, os devaneios dos que ainda estão vivos e,
os desejos dos que viveram e já se foram, --
Estão movendo os sentimentos nossos... Estão
aqui -- Flores murchadas, das primaveras

que um dia foram tanto desejadas"...

A percepção do rio de sombras da meia-noite
Perturbou o meu sono, levantou-me da cama;
Uma mão estendi -- Acendi uma vela;
As sombras depressa fugiram --
pelas frestas e cantos... Fiquei só!

Precipitaram-se até às janelas,
Na soleira da entrada "estacionaram", --
Eu notei -- um clarão iluminava, que elas tremiam;
Percebi também, que o que eu escrevia,
Notar como, elas não teriam; Se caso notassem,
Ver a escrita jamais poderiam.
Assim foi-me possível:
Registrar os seus murmúrios secretos.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Uma canção tártara


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Татарская песня, 1846
Посв. Г. П. Данилевскому)

Uma canção tártara
Dedicatória a G. P. Danilevsky

Apoiado na parede,
de um silo de pedras,
ele estava de pé;

Eu recordo, ele vestia um "kaftan" muito caro;
               Por debaixo da vestimenta vermelha,
               Ele mostrava uma camisa azul claro...
Desprezai-me por isso, assim mesmo eu o amo!
               Gente má, julgai-me o quanto quizerdes --
Eu não temo a vossa justiça;
Culpada não sou! --

               Não jogueis, em mim, pedras!..
               Pois já machucada estou...

Cresce uma granada dourada,
junto àquela parede;

E os frutos de lá,
não se pode alcançar, de modo nenhum;
               Para que servem os homens bonitos
               Poderia eu querer enfeitiçá-los!?. Não!
Poderia eu escondê-los -- todos no meu peito,
Nas sombras das noites?..
               Eu apenas ficria com ele --
Mais amor -- de ninguém, eu preciso para mim!

               Não jogueis, em mim, pedras!..
               Pois já machucada estou...

Fomos separados,
As montanhas nos perderam,
entre os montes de Erivan!

Um eterno e infindável inverno gelado --
               Cobriu tudo com a branca neve!

               Dizem, que em terras estranhas
As donzelas da Geórgia,
com o brilho da sua beleza,
               Atraem os corações...

E de mim, nesse país,
Ó, meu amado, lembrar-te-ás para sempre?

               Não jogueis, em mim, pedras!..
               Pois já machucada estou...

Há notícias,
chegaram-nos das bandas de lá;
Lá, além daqueles montes, houve uma batalha sangrenta;

               Fizeram o cerco... Dizem, que
               Um batalhão de nossos "sarbasy"
Foram eliminados, numa infame traição... Tchu!

               Ao longe, ouço galopes...
O cavalgar de cavalos, tinindo seus cascos...
Pelos ares, levantantando a poeira...
De medo, eu tremo e rezo em silêncio.

               Não jogueis, em mim, pedras!..
               Pois já machucada estou...

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Nota:

O "poema" original foi dedicado, por Abbas Quli Khan
-- dinastia Pahlavi do Irã (Абаз-Кули-Хан), ao poeta
polones Lado Zablocky, que o traduziu para o polonês,
em forma de prosa.
Por sua vez, Jakov Petrovič Polonskij deu-lhe a forma
de poesia, traduzindo-o para o russo.
Grigory Petrovich Danilevsky
-- Escritor novelista historicista russo,
de origem ucraniano (Sloboda district, 1829 - 1890).
Foi educado em Moscou, no Dvoryansky institut e teve
seus estudos completados em St. petersburg (Rússia).
kaftan
-- Uma variante de túnica ou roupão (ing., robe)
sarbasy
-- Soldados persas
Чу! (Tchu!)
— Apelido do poeta G. I. Gagarin, na organização
literária Arzamas = «Арзамас».

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Velho sazandar


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Старый сазандар)

Velho sazandar

A terra rachada, pelo calor do dia,
Da noite a neblina, não conseguiu refrigerar.
A Tiflis -- de multivarandas, dorme o seu sono;
Ali, a montanha escura e, mais além, o brilho da lua.

O rio Kura geme e murmura, debatendo-se
com as suas ondas vivas, contra
os despenhadeiros escuros dos rochedos...
Num daqueles rochedos, há uma modesta choupana,
Com um terraço e uma pequena varanda --
dependurada -- sobre a escarpa abrupta.

Ali eu poderia, sem perturbar a ninguém,
Estender os meus tapetes alcatifados,
Passar ali dias inteiros, em repouso tranquilo,
Olhar e admirar a cordilheira e suas montanhas:

Não se veem as montanhas --
O espaço todo revestiu-se de lilás neblina;
Vejo apenas a ponte dependurada,
Também a torre da mesquita,
E o álamo, baloiçando ao vento, trepida...

O meu patrão -- pouco me importa, franzindo a testa;
Verdade é, está contente em ser eu seu visitante...
Fico calado e ele -- sempre fumando,
Com o "papakh" na cabeça, escondendo até a testa...

Bigode cinza, olhar bravio e severo,
Semblante rígido; mas o calor das canções
Ainda guarda, em seu peito estraçalhado,
O meu -- envelhecido, antigo sazandar.

Tangendo -- com os dedos, de cobre as cordas,
Ele chora canções, as melodias do seu coração,
Capazes de, em revitalizando-se repentinemente,
Transformarem-se em ecos do meu coração!

"Reze, amigo! Assim fortalecerás o teu espírito.
Não chores... Por enquanto, todo este mundo
Ainda não ensurdeceu. E nem cego o mundo ainda ficou,
Tu és um visitante convidado para a "ceia do senhor".

Ainda temos o pão suficiente
E temos um canjirão cheio de vinho,
Não queira irritar os ceus, com os teus choros;
Saiba -- toda tristeza tua, não passa de pecado.

Observe -- ainda está sobre aquela rocha
A saklia pequenina, na qual tempos atrás
-- um meio século -- se foi, ao menos;
Meus olhos invejavam, ao coração querido,
Aquele olhar puro. Jamais será esquecido!

O mundo de então era menor, assim me parecia;
Então morria, quando atravessar eu não podia --
Durante os festejos, em nome de alguma canção,
Os umbrais daquela pequena choupana -- saklia.

Acompanhado por um velho tchinguri
Na entrada, do quintal da moradia,
Como um pássaro -- depois da tempestade,
Eu cantava o meu hino poético de elogios.

Hoje eu sou idoso; Ela -- de mim distante!..
Onde está? -- Não sei; Porém, creia-me,
Mais longe está aquele, por quem tu sofres
Por quem sentes o desgosto de saudade agora.

O sofrimento teu -- está além daqueles montes,
O teu amor -- ficou perdido na terra pátria;
O meu amor -- está voltado para as estrelas --
Está à minha espera, junto a deus, no paraiso!"

Calou-se sombriamente o starik velho;
Deitou-se sobre o tapete alcatifado --
Ouvindo atento, a cada pensamento seu,
De como -- sob o paredão das rochas,
Geme e murmura, debatendo-se o rio Kura.

Ele possui mais tempo para sonhar...
E eu?.. Eu nada lhe direi. Ó, não!..
O coração do visitante não se apega
A ninguém destas montanhas... Não!..

Sinto-me triste neste mundo enorme;
Penso que sou um visitante indesejável,
Aqui -- onde todos se reuniram para
Satisfação dos desejos de "comes e bebes";

A dádiva do canto meu, me apavora, --
Não há quem possa ouvir os meus cantares,
Penso que na velice, talvez não haja
Alguém quem possa esperar-me no paraiso!

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Nota:

Sazandar
-- Músico ou o cancioneiro popular,
em Azerbaidjan, Armênia, Geórgia e Irã.
Kura
-- É o maior rio da Transcaucásia,
que banha Azerbaidjan, Geórgia e Turquia.
Tem uma extensão de 1364 km e desmboca no
mar Cáspio.
Papakh (papakha)
-- Gorro feito de pele de animais
e com parte superior em tecido.
saklia
-- Casa dos montanheses do Cáucaso.
tchinguri
-- Instrumento de cordas