sábado, 1 de dezembro de 2012

O sósia


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Двойник, 1862)

O sósia

Eu caminhava e não ouvia, como cantavam os rouxinóis,
Nem percebia como as estrelas começavam a brilhar,
Ouvia passos -- mas, de quem eram, eu não sabia,
Seguiam, acompanhando-me, no fundo da mata...

Pensei -- fosse um eco, um animal, balanço de juncos;
Acreditar não queria, gelava e de medo tremia,
Quem será que os meus passos seguia. Nem um passo atrasava,
E não era um homem, nem era algum animal -- Era meu sósia.

Então de medo eu queria correr, sem olhar para trás,
Mas algo fazia sentir-me vergonha. Criança não sou -- eu dizia,
De repente a raiva abraçou-me -- E, ofegante, eu perdi medo,
Quis enfrentar, sem importar-me de quem os passos seriam.

Porque me segues? -- Pereguntei. Tens algo a me dizer?
És tu uma miragem ou uma visão fantasmagórica e doentia?
-- Sim! -- Ouvi o sóia responder, -- Tu me atrapalhas a visão
E não permites que eu ouça e me entretenha com a da noite harmonia;

Com a minha própria suspeita, queres de mim livrar-te,
A mim -- que sou a tua fonte viva de poesia!..
E, sem tirar de mim o teu olhar espavorido,
O sósia meu olhava-me confuso e cheio de ansiedade,
Como se eu fosse um fantasma que. nas sombrias noites, acordasse.
Eu para ele... Não ele para mim como um fantasma se apresentou...

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