sábado, 8 de dezembro de 2012

A sineta


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Колокольчик, 1854)

A sineta

Acomodou-se a neblina... O caminho foi aclareado...
A noite olha com milhões de olhares embaçados...
Deruba-me num sono profundo ó, retintim da sineta!
                  Carregue-me velozmente
                  Ó, tróica dos cavalos cansados!

Fumaça embaçada das nuvens e o frio dos horizontes
Iniciam o amanhecer; o branco espectro da lua
Penetra na alma -- e nos vestígios, não apagados,
                  da minha tristeza
                  Retornando-me aos sonhos já esquecidos.

De repente sons ecoam -- Uma voz apaixonada canta
E badalos suaves, amigavelmente as sinetas batucam:
"Sim! Algum dia... Algum dia o meu amado retornará
                  Retornará... sim --
                  Para nos meus seios repousar!

Será que nem tenho mais vida!.. Mal vejo as estrelas
Incitando os seus raios a brincar com o frio, --
Sobre uma mesa de sobro, o meu samovar aquece o chá,
                  E crepita a brasa, clareando num canto
                  a cama, por trás da colorida cortina!..

Será que nem tenho vida!.. Os contraventos se abriram,
E, pelas paredes, deslizam os raios prateados lunares,
Poderão retornar as tempestades! O lampeão está aceso.
                  Enquanto eu cochilo, o coração não dorme
                  E, dentro dele, tudo mergulha em tristeza".

Eis que ouço algo... -- Aquela voz ainda está cantando,
                  E os badalos suaves, as sinetas batucam:
"Algures um amigo antigo?.. E tenho medo, ele entrará
                  E, carinhosamente, a mim me abraçará!

Mas que a vida é a minha! È dificil... e é triste,
É enfadonha a minha pousada; Entra vento pela janela.
Em frente à janela, apenas cresce uma gingeira-brava,
                  Também ela, cobriu-se de vidro congelado,
                  Nem mais aparece. Talvez, até morreu já!..

Mas que vida é essa!.. Desbotou até o colorido da cortina.
Adoentada vivo vagando só. Não comunico-me com os parentes,
Ninguém há que me repreenda. Não tenho quem me possa amar!
                  Apenas a velhota resmunga, quando recebo a visita
                  daquele vizinho, com quem me sinto um pouco feliz!"

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