quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pela ferrovia


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(На железной дороге, 1868)

Pela ferrovia

Avança, avança o cavalo de ferro!
Sobre o ferro, o ferro retumba...
O vapor sobe em blocos, fumaça se espalha;
Avança, avança o cavalo de ferro,
Apanhou, acomodou todos, pos-se a correr.

Também voo. Voo em busca do meu negócio, --
Um negócio importante, não posso perder tempo.
Mas, e o cavalo! Eu simplesmente, fico calado.
Totavia espero, como um sabiá cantar ainda,
Caso o negócio possa se concretizar...

Ao encontro, se apresenta uma floresta,
Por sobre os vales, estrépitas rodam as pontes,
E os vapor se agarra às moitas de arbustos;
Avança e avança o cavalo de ferro! --
E centila, deslocando-se o cavalo-vapor...

Perde-se de vista a pátria! Perde-se em si
O levantado telhado, coberto pelas fasquias,
O jardim envolto em sombras, e os pálheiros;
Mais ali uma idosa, bebe o chá lembrando-me
-- Padecendo desfalece, aguardando o retorno.

Teria eu, com ela confabulado, num cantinho,
Teria um pouco repousado, na sombra de betulas,
Ali, onde foram semeados muitos sonhos...
Porém, o cavalo de ferro avança e avança!
E sob os assovios, faz girar centenas de rodas.

Adeus rios -- seus reflexos, e os sombrios juncais;
A linda donzela, que devagar escala os montículos,
E que sem pressa, caminha suave pelos atalhos;
Pode ser ela -- apenas um alma de ouro. Ou,
pode ser ela -- a mais bela de todas as belas.

Talvez, pudesse eu conhecê-la. Nem sei!..
Nem é tolice ter pensamentos à toa, --
E pergunto-me, se poderia emfim apaixonar-me...
E o cavalo de ferro avança, e avança mais,
Enquanto a linha de ferro se estica mais e mais!

Ao encontro, no horizonte distante, aparecem
Campanários e torres de sinos, prédios e prisões;
Um amigo de escola meu, ali está -- disseram-me,
Numa luta eterna, descontente com a existência...
Poderia dizer-lhe eu algo?.. -- Nem sei!?.

Talvez, eu pudesse conversar, uma hora ao menos!
Saber, pelo menos um pouco, do que tem vivido,
As tristezas e sofrimentos, por que tem passado...
E o cavalo de ferro avança, e avança mais,
Semeando as fagulhas, espalhando-as pelo espaço.

E, girando-as, o vento esparrama as fagulhas
Por sobre o orvalho, da negra terra escurecida,
E, através do meu sonho, o cavalo de ferro
Disse-me: "Amigo, tu vais atrás do negócio teu;
então, a ternura e a meiguice, mande ao diabo"...

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