domingo, 9 de dezembro de 2012

O cisne


Полонский Яков Петрович (1819 - 1898)
Jakov Petrovič Polonskij
Prosador e poeta russo

Tradução do russo por Mykola Szoma
(Лебедь, 1888)

O cisne

Alguns arcos tangiam canções -- E lá, nos jardins,
                As luzes brilhavam -- O povo corria --
Somente a tarde tranquila dormia e as sombras
                Refletiam-se na noturna abóbada celeste;

Pareciam escuros: a manta do lago, o verde da mata
                E também, os densos juncais,
Lá também sofria um cisne branco,
                E que se escondia no silêncio da noite.

Morrendo que estava, ele perceber jamais poderia --
                Tendo sido como misantropo domesticado, --
Como, por sobre a sua cabeça, levantou-se o temporal
                Espalhando-se por todo o seu corpo;

Ele não ouvia, como o fluir das águas se batia,
                Como borbulhavam, nas margens, as nascentes, --
Ele fechava e abria os seus olhos, e tinha visões
                Sobre os voos noturnos, por sobre as nuvens:

Como são altos e sublimes os espaços siderais!
                O seu voo poderá levá-lo para lá
E então, que canção de inspiração profunda
                Ele, aos que lá se acham, cantará!?

Como tudo -- tudo aquilo que se tem por santo,
                Tudo aquilo que se escondeu dos homens,
Lá será -- por certo, a própria plena essência
                dos cisnes brancos, a todos revelada.

Já ele sonha, e tem visões: Um só minuto, --
                Suspiros -- E as asas já vão se agitar,
Os livres sons, da sua canção inspiradora,
                Uma manhã, de novas alegrias, anunciarão.

Porém, as suas asas já não se mechiam,
                A canção, apenas a mente embaralhava:
E sem voo nenhum, e sem o som de cantorias mais
                O cisne, na penumbra, se extinguia.

Entre os juncais rumorejando, sobre as folhagens
                Apenas a ventania passeava...
E -- ao redor, pelos pomares e jardins, luziam
                Algumas lamparinas. E arcos tangiam sons.

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